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Setor da pecuária leiteira avança no CE

Lucratividade, terras planas e infraestrutura favorecem a atividade no Estado


Lucratividade garantida, terras planas e infraestrutura fazem com que a pecuária leiteira cresça no Estado

Iguatu - A partir de hoje (13), produtores e técnicos têm a oportunidade de conhecerem os avanços no setor agropecuário que serão demonstrados no PECNordeste. No campo, o esforço dos criadores, a partir da implantação de novas técnicas de manejo, resultou no crescimento da cadeia produtiva da bovinocultura e da ovinocaprinocultura na última década, no Estado.


O leite ocupa a sexta posição no ranking estadual dos produtos agropecuários relevantes, de acordo com dados da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece). É responsável por uma das maiores rendas do agronegócio. É a quarta maior renda por emprego gerado e é apontado como o setor primário com maior integração com a indústria e gera 4,86 mil empregos diretos no campo.

A pecuária leiteira representa 12% dos negócios da agropecuária e é setor que mais tem avançado no Ceará. O Estado ocupa a terceira posição no Nordeste, atrás da Bahia e de Pernambuco, de acordo com dados do IBGE e da Consultoria Leite e Negócios. A demanda é crescente e a produção atual não atende o consumo para o comércio e indústria.

Mercado favorável, lucratividade garantida, terras planas, conhecimento tecnológico e infraestrutura de irrigação fazem com que a pecuária leiteira cresça no Estado a partir da adesão de novos produtores. Esses temas serão debatidos durante a Pecnordeste. "É uma oportunidade importante para a troca de informações e aquisição de novos conhecimentos", frisou o coordenador da Comissão Técnico Científica, engenheiro agrônomo Jorge Prado.

Os olhos de muitos visitantes estarão voltados para o setor da pecuária leiteira. O déficit de produção do Estado demonstra a necessidade de aumento da produção em pelo menos 260 mil litros/dia. O consultor empresarial, Raimundo Reis, da empresa Leite & Negócios Consultoria, não tem dúvida de que o setor está em franca expansão. "Os dados demonstram o crescimento da atividade no Estado", frisou. "O leite é um produto nobre cujo manejo é intrínseco à cultura do cearense".

A cadeia produtiva do leite vem se transformando na região Nordeste, na última década, impulsionada pelo aumento do consumo. A produção de leite/dia no Ceará, segundo o IBGE, é de 1,165 milhão, com base em pesquisa realizada em 2008. O Ceará importa cerca de 450 mil litros de leite/dia.

Em dois aspectos os técnicos concordam: o consumo de produtos derivados do leite é crescente, a produção do Ceará é insuficiente para atender a demanda. Há outros pontos convergentes: a experiência que o Estado dispõe sobre a técnica de pastejo rotacionado irrigado e a oferta de crédito para investimento e custeio, cujos recursos são oriundos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNE), favorecem o crescimento do setor.

A experiência do Estado com a utilização do pastejo rotacionado, em áreas irrigadas de capim para alimentação do rebanho, a partir do Programa Pasto Verde, implementado pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), favorece o crescimento da pecuária leiteira.

Um dos Municípios pioneiros dessa técnica foi Iguatu. Em 2000, surgiram os primeiros piquetes irrigados de capim. O gado é colocado em cada área periodicamente, dando tempo ao crescimento do pasto, até que um novo ciclo recomeça. Um dos 20 maiores produtores de leite do Estado, João Mauro Linhares Queiroz, da Fazenda Santa Clara, em Iguatu, disse estar satisfeito com os lucros obtidos na atividade. "O manejo rotacionado permite melhor qualidade da alimentação, redução de custo e graças à irrigação temos pasto verde para todo o ano". A média de produtividade no Estado é de 65 litros/dia por hectare, mas já têm criadores que alcançam 100 litros/dia/ha. "O nosso papel é incentivar a organização dos produtores, a adoção de boas práticas de manejo, higienização e melhoria genética do rebanho", frisou o técnico do Núcleo de Bovinocultura de Leite, da SDA, Tiago de Medeiros Silva. "O projeto visa ao aumento da produtividade e a melhoria da qualidade do leite".

A bovinocultura leiteira é bem mais forte economicamente no Ceará do que a criação de gado para corte, mas a SDA não tem dados comparativos entre os dois segmentos. O Governo tem um programa de apoio e incentivo à produção de leite. Dentre as ações estão a distribuição de 149 tanques de resfriamento de leite para associações de produtores em dezenas cidades do Interior, kits de análise do produto e de inseminação artificial de matrizes.


MAIS INFORMAÇÕES

Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece): (85) 3244. 7980/ Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA): (85) 3101. 8072

OVINOCAPRINOCULTURA
Produtores rurais recebem orientação

O semiárido cearense apresenta condições de clima, solo e vegetação que favorecem a criação de ovinos e caprinos. Mas há entraves na cadeia produtiva da ovinocaprinocultura que precisam ser superados. A melhoria da qualidade genética do rebanho, aumento da produtividade de carne e de leite e implantação de modernas técnicas de manejo são desafios a serem vencidos. O quadro atual do setor será debatido no PECNordeste e os produtores terão oportunidades de receber orientação e conhecer os avanços verificados na atividade.

"O Ceará tem muitas potencialidades para o crescimento do setor", observa o produtor Daniel Pimentel Gomes, técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec). "O que precisamos é organizar melhor a cadeia produtiva para ampliar a produção e escoar com regularidade a carne e o leite".

Na região nordestina, o Ceará tem se destacado. Segundo dados do IBGE, referentes a 2009, o Ceará possui o terceiro maior rebanho ovino do País, com cerca de dois milhões de cabeças. São animais de grupos genéticos variados e bem adaptados, além de apresentarem capacidade para assumirem um papel importante no desenvolvimento da cadeia produtiva regional. O Nordeste também detém o maior rebanho de caprinos do País, e gera riquezas que antes não eram valorizadas, como a qualidade nutricional da carne e do leite. No Ceará, entretanto, a produção de leite caprino ainda é reduzida. São produzidos 20 mil litros por mês, enquanto que a Paraíba produz 18 mil litros diários e o Rio Grande do Norte, 14 mil litros. Os dados mostram que ainda há muito que avançar.

Programas sociais de compra do leite do Governo do Estado e o Fome Zero, do Governo Federal, favorecem o mercado e garante renda para os criadores de cabras leiteiras. "Estamos difundindo esses programas para ampliar a produção no Ceará", disse Gomes. "Crianças, gestantes e idosos são beneficiados com a distribuição do leite".

Apesar da reduzida expressão econômica dentro do agronegócio brasileiro, a cadeia produtiva da carne ovina tem experimentado um expressivo crescimento e desenvolvimento em todas as regiões do País, em função do fortalecimento de uma demanda crescente.

Na década passada, programas da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) e de instituições como o Sebrae, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec) contribuíram para a melhoria do rebanho, organização e crescimento do setor.

O Projeto Aprisco, por exemplo, deu resultados satisfatórios. A ideia era orientar criadores de ovinos e caprinos sobre manejo, instalações, sanidade, alimentação, reprodução e gerenciamento do negócio. "Houve crescimento e melhoria da qualidade do rebanho e da renda dos produtores", observa Lúcia Nogueira, técnica do escritório do Sebrae, em Iguatu. "O mercado da ovinocaprinocultura é favorável, há demanda e financiamento". No Centro-Sul, 50 criadores de Acopiara, Cedro e Iguatu foram assistidos.

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