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Setor das carnes no RS está preocupado com preço do milho

O reflexo nas cotações já é percebido por integrantes da cadeia produtiva


O direcionamento do milho cultivado nos Estados Unidos, maior produtor mundial do grão, para a produção de etanol gera incertezas e apreensão no Rio Grande do Sul. Apesar de o mercado brasileiro produzir o cereal em nível insuficiente para o próprio uso, a questão chama a atenção, principalmente para alterações do preço da commodity no cenário internacional. Na semana passada, o preço do grão atingiu o maior patamar da última década na bolsa de Chicago.

A preocupação é que, com a quebra de safra e a retenção da colheita americana para produção do combustível, abram-se espaços no mercado internacional, direcionando brasileiros para as vendas externas, elevando o custo da principal utilidade do milho no país: a alimentação animal. Segundo o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Jason Duarte, o Brasil é um dos grandes candidatos a assumir o vácuo nas exportações que será deixado pelos Estados Unidos. Mas o quadro obrigaria os agricultores a reverem sua produtividade. "Hoje, colhemos 3,2 mil quilos por hectare. Para exportar, teríamos de produzir 6 mil quilos por hectare", assegura. Ele descarta o uso do milho para a produção de etanol no Brasil. "É muito difícil de o milho concorrer com a cana-de-açúcar, que gera até sete vezes mais energia".

O diretor-executivo do Sips, Rogério Kerber, afirma que esse novo posicionamento das cotações deve se refletir na reposição do custo de produção suína. De acordo com ele, o reflexo já é percebido pelos integrantes da cadeia. "Estamos pagando R$ 21,00 pela saca que custava R$ 15,00 no ano passado", salienta. A mesma preocupação estende-se à avicultura. "Esse grão destinado ao biocombustível vai mexer com o mercado, afetando a economia", comenta o secretário-executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos.

Para os produtores de milho, a opção é vista com bons olhos, desde que o preço no mercado internacional seja atrativo. Mas, de acordo com o presidente da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, dificilmente haveria excedente. Segundo a Emater, a safra de milho no R$ está estimada em 5,5 milhões de toneladas.

O presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto, acredita que, com o novo cenário, seja inevitável aumentar a área cultivada. "Caberá a nos organizar em termos de logística para garantir maior produção". Em contrapartida, outras culturas teriam de ceder lugar ao milho, o que preocupa do presidente da Fetag, Ezídio Pinheiro.

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