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Setor de máquinas pede mais verba - Indústrias estimam que Moderfrota deveria contar com R$ 5 bilhões por safra


A indústria de máquinas agrícolas deverá apresentar ao governo até o fim do ano estudo com as projeções de demanda de tratores e colheitadeiras até 2007. O diagnóstico irá apontar a necessidade mínima de recursos para garantir a renovação do maquinário via Moderfrota - programa de financiamento do BNDES com juros fixos. Os números do trabalho ainda não foram fechados, mas estimativas preliminares indicam que seriam precisos cerca de R$ 5 bilhões/ano para assegurar, em quatro anos, a existência de uma frota agrícola moderna no país.

Um dos propósitos do trabalho, coordenado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), é oferecer previsibilidade a todos os agentes do setor (bancos, concessionários, fabricantes e seus fornecedores). "Hoje não sabemos qual será a disponibilidade do Moderfrota para o ano-safra 2004/05", observa Cláudio Costa, vice-presidente da Anfavea na área de máquinas agrícolas.

A avaliação de Costa é de que só no segmento de tratores a reposição da frota deveria ser da ordem de 33 mil unidades/ano. O número é superior à estimativa de vendas de tratores para o mercado doméstico em 2003 (na faixa das 30 mil unidades) e idêntico ao de 2002. Segundo Costa, que também é diretor de marketing da Valtra para a América Latina, só o programa Fome Zero demandará a abertura de mais de um milhão de hectares/ano para a agricultura.

Essa expectativa compensa a tendência de retração de vendas no número absoluto de tratores por força da introdução de novas gerações de veículos, equipados com motores mais potentes. O cenário deverá demandar mais tratores e colheitadeiras, mas, para que o mercado opere em boas condições, é fundamental que os mecanismos de financiamento existentes funcionem, de acordo com Pérsio Luis Pastre, também vice-presidente da Anfavea.

Em 2003, o Moderfrota enfrentou problemas. Os fabricantes dizem que a transição política e o contingenciamento do Orçamento interromperam o fluxo de liberações de recursos no Moderfrota ao longo do ano. Para o ano-safra 2003/04, o governo fixou o limite máximo de equalização no programa em até R$ 2 bilhões. Deste total, R$ 1,25 bilhão terá que se contratado até 31 de janeiro do ano que vem. Até 30 de junho de 2004 será contratada a parcela restante dos R$ 2 bilhões.

Dados do BNDES mostram que até 21 de outubro o banco tinha aprovado operações pelo Moderfrota no total de R$ 1,22 bilhão, dos quais tinha desembolsado R$ 543 milhões. Na data, o banco ainda aguardava pedidos de liberação pelos agentes financeiros no total de R$ 677,5 milhões. Fonte do banco informou ainda que até o dia 21 deste mês o estoque no Moderfrota, entre operações aprovadas, liberadas e em análise, totalizava R$ 1,7 bilhão.

A fonte garantiu que o BNDES irá atender toda a demanda adicional que surgir por financiamento para tratores e colheitadeiras. A alternativa em curso é a linha Finame Especial, cujos juros são de 13,95% ao ano contra 9,75% e 12,75% no Moderfrota. A diretoria do banco já aprovou R$ 150 milhões para a Finame Especial, e mais recursos poderão ser alocados nesta linha se for necessário.

Pastre, da Anfavea, apresentou em setembro ao banco estimativa segundo a qual a demanda adicional por recursos no Moderfrota poderá chegar a R$ 1,6 bilhão até janeiro de 2004. Essa demanda terá que ser atendida por meio do Finame. A projeção de Pastre é que neste ano as vendas de tratores e colheitadeiras para o mercado interno somem 41 mil unidades ante 42,5 mil de 2002. A queda é resultado das dificuldades de financiamento no Moderfrota, insistem os fabricantes.

As exportações de tratores e colheitadeiras, porém, devem pular para 18,5 mil unidades neste ano frente a 10,4 mil no ano passado. "A interrupção nos fluxos de financiamento leva o setor a perder oportunidades", avalia Francesco Pallaro, diretor comercial para a América Latina da Case New Holland (CNH).

Ele avalia que o mercado precisa três ou quatro anos para renovar o parque de máquinas, mas frente a dificuldade de financiamento o prazo se dilata ainda mais. Para Carlito Eckert, diretor nacional de vendas da AGCO, hoje nem a indústria, nem os produtores conseguem se planejar corretamente face à ausência de horizonte de médio prazo nas fontes de financiamento.

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