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Setor lácteo trabalha para ampliar exportações em 25%

Houve uma mudança no patamar das cotações e estas não devem regredir aos mesmos níveis de dois anos atrás


O preço da tonelada do leite em pó no mercado internacional, principal produto exportado pelos brasileiros atualmente, está valendo US$ 4,5 mil a tonelada - 125% mais do que em 2006. Para especialistas, houve uma mudança no patamar das cotações e estas não devem regredir aos mesmos níveis de dois anos atrás, principalmente por conta do crescente aquecimento da demanda, sobretudo na Ásia, além da redução de oferta por parte dos principais exportadores mundiais, a Argentina e a Austrália.


De olho no novo patamar de preços - apesar do câmbio atual - e nas movimentações do cenário internacional, o setor já se articula, no Brasil, para ampliar sua atuação externa. A expectativa é de que os embarques subam 25% em 2008, sobre os resultados obtidos no ano passado, para 1 milhão de toneladas (ou 1 bilhão de litros e considerando todos os tipos de produtos), estima a Leite Brasil (entidade do setor).

Na semana passada, representantes do setor mostraram interesse em desenvolver um projeto junto à Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex Brasil), do governo, durante reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Quando estruturado, será o primeiro projeto desenvolvido junto à agência, em nível setorial.

Para o presidente da Cooperativa Central dos Produtores Rurais - CCPR/Itambé, Jacques Gontijo, o Brasil tem todas as condições de atender o mercado interno e ainda ampliar sua participação internacional. "Segundo as estatísticas do IBGE, enquanto a produção brasileira de leite subiu 10%, o consumo interno cresceu 5% no ano passado", avalia.

Apesar do potencial, as exportações ainda têm fatia de 3,7% da produção nacional, estimada em 27,4 bilhões de litros em 2008.

Capitalização

O produtor nacional vem ampliando a produção principalmente a partir de 2006, quando a conjuntura internacional levou à explosão dos preços do leite no mercado externo e, conseqüentemente, à valorização também no mercado interno.

"A dinâmica do setor é similar à do milho, quando aquele setor exportava pouco. Quando faltava leite, importávamos o produto, e o preço internacional acabava ajudando a formar o preço. Mesmo hoje, o pouco que se exporta, também influencia preços", explica Gontijo. Os fatores internacionais que desenharam esse cenário foram, principalmente, a redução da oferta mundial por parte da União Européia e dos dois principais exportadores do produto - Austrália e Argentina -, além do aumento de demanda, principalmente na China.


"Os europeus reduziram os subsídios dados aos produtores locais e a Argentina e a Austrália sofreram sérios problemas climáticos, cuja recuperação não ocorrerá a curto prazo. No caso dos argentinos, ainda há a questão das quotas estabelecidas pelo governo. A Argentina hoje é deficitária em produção de leite", informa Alfredo de Goeye, presidente da Serlac Trading (exportadora de lácteos, inclusive, de produtos fabricados pela Itambé). "O Brasil já começou a ser visto pelos importadores como potencial fornecedor", diz.

Até antes de 2004, o País era importador líquido, lembra o pesquisador do Cepea, Gustavo Beduschi. Goeye, da Serlac, acrescenta, ainda, que na década de 90 o Brasil chegou a ser o maior importador mundial. "Até 2006, a produção e o consumo internos eram praticamente ajustados".

Os exportadores faturaram US$ 273,2 milhões em 2007, considerando principalmente leite em pó e leite condensado. No primeiro bimestre de 2008, o Brasil exportou US$ 57,7 milhões.

Os números do primeiro bimestre de 2008 mostram crescimento de 128,5% em valor e 25% em volume, se comparados ao primeiro bimestre de 2007, segundo o Cepea. Os principais mercados são Venezuela, Argélia e Angola.

Itambé

A Itambé anunciou ontem investimento de R$ 350 milhões na ampliação de fábricas e construção de uma nova unidade, cujo local ainda está em estudo. Até 2010, a Itambé deverá processar 1,8 bilhão de litros por dia, informou o presidente da companhia.

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