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Soja - Mercado em ascensão

Preços tendem a se manter em alta até 2013, diante do cenário internacional


Preços tendem a se manter em alta até 2013, diante do cenário internacional. Análise foi apresentada no Fórum Nacional da Soja

O sojicultor gaúcho está em uma situação delicada de acordo com o analista de mercado, Antonio Carlos Sartori. Ele afirma essa condição, devido aos preços firmes, em alta, conforme análise feita durante o 23º Fórum Nacional da Soja, que aconteceu ontem, na Expodireto Cotrijal 2012. “O produtor está vivenciando um ano com preços altos, mas com o silo vazio. É uma desgraça”.


Os resultados da lavoura não aparecem somente na colheita, mas se complementam na comercialização. Assim foi aberto o Fórum, que teve seu painel de abertura sobre o manejo das plantas daninhas, sua resistência ao glifosato e os danos registrados nas lavouras por conta da ausência de um manejo realizado durante o ano todo. O pesquisador Mário Antonio Bianchi, da CCGL Tec, enfatizou a necessidade de alternar princípios ativos e controle durante o inverno para controle da buva e azevém. O controle quando ainda pequenas, é mais fácil. Posteriormente, elas acabam competindo com a soja, onerando em mais custos ao produtor. O uso continuado do mesmo produto seleciona algum tipo de pragas. A solução seria a união de produtos e não sempre o mesmo. A mistura de glifosato com outro produto seria o correto.

Para ele, não deve-se ficar esperando que a solução do problema seja resolvido somente por um herbicida, mas sim numa adição de produtos. O pesquisador exemplificou as perdas medidas provocadas por duas plantas por metro quadrado, chegando a 5%, ou seja, 168 quilos por hectare – um custo de R$ 130,00. Em pós emergência, o prejuízo chega a 15%. “A situação é preocupante. Não tem mais espaço para esse cenário em uma lavoura profissional”, salientou.

O carro-chefe dos herbicidas, o glifosato, é resistente em plantas daninhas, mas utilizado em consorcio com outros produtos acaba sendo eficaz. Ele citou ainda, que ainda estão em estudos no país, produtos com tolerância a fungo e a seca, mas para chegar nas mãos do produtor, a tecnologia vai levar pelo menos cerca de 10 anos.

O diretor executivo da Agroconsult e idealizador do Rally da Safra, André Pessoa, destacou o crescimento de grandes grupos que estão se unindo ou incorporando outras empresas, investido em várias áreas do mercado, praticamente monopolizando-o. Ele lembrou que os produtores ligados a cooperativas já estão organizados de forma a se defender desse processo, mas precisam estar atentos a oportunidades de negócios. Ele apontou que foram cultivados 25 milhões de hectares com soja no país. Em dezembro, a expectativa era de que fossem colhidas entre 73 a 74 milhões de toneladas.Já em fevereiro, essa projeção caiu para 69,9 milhões de toneladas, mas ele aponta que esse numero deve reduzir ainda mais, se aproximando de 68 milhões de t. No Estado, as perdas por causa da seca vão variadas. Em Passo Fundo ficam entre 20% a 30%.

Mercado em ascensão
O analista de mercado Alexandre Mendonça de Barros, da MB Agro, de São Paulo, falou sobre os efeitos dos mercados internacionais e da economia internacional sobre o mercado de soja. “Percebemos nos últimos anos que os mercados financeiros entraram de maneira agressiva nos mercados agrícolas, os fundos de investimento, chamados especuladores, que começaram a comprar commodities em geral e, especialmente, agrícolas, o que causa oscilação grande nos preços”, diz.

Um exemplo foi em 2011, que até agosto, os fundos compraram um volume grande de posições nos mercados agrícolas. No caso da soja, foi o recorde histórico, chegando a ter 230 mil contratos em Chicago comprados por fundos de investimento. “Com ameaça de uma crise financeira mais forte na Europa, os fundos venderam as posições e, dos 230 mil caíram para 10 mil contratos comprados em dezembro. Com isso, o preço da soja saiu dos quase US$ 14 o buschel vindo para o patamar de US$10,8 – o que mostra a evidente conseqüência nos preços”,declara.

Mendonça diz que nos últimos dois meses a crise européia ficou mais calma e os fundos voltaram a comprar soja de novo, em um ritmo bastante forte, o que deu suporte aos preços que estão no mercado. Ele mostrou a crise internacional e qual o bom momento de comercialização.

Como tendência, o analista de mercado afirmou que a ameaça européia sempre existe, e a volatilidade é uma constante. Porém, o momento atual é de calmaria. A tendência, é até o mês de abril os mercados estarem semelhantes.

“Os EUA estão em recuperação econômica relativamente forte, e a China segue em crescimento. De um modo geral, a demanda está bem. Os grandes compradores do Brasil estão em fase de expansão e há demanda. É um momento firme e um ano de bons preços, com probabilidade do cenário persistir até 2013.

Evitando perdas
Conforme o presidente da Aprosoja RS, Irineu Orth, o problema da seca no Rio Grande do Sul é localizado. A quebra será de 5 milhões de toneladas e vai acarretar prejuízos para maioria dos produtores gaúchos. Como conseqüência, vai diminuir a circulação de dinheiro não só nas áreas de produção, mas também o retorno de impostos dos municípios e Estado vai ser afetado, pois a comercialização será menor. Quanto ao mercado, a situação é tranqüila, porque a procura de soja e de alimentos pelo mundo é grande. “Preços em ascensão, mas vamos ter problemas de qualidade, porém, nada que em médio e longo prazo não seja solucionado. Temos esperanças que no ano que vem possa ter safras boas e o produtor vai ter essa dificuldade momentânea, mas mais para frente, vai avançar novamente, até porque a perspectiva de soja e alimentos para o continente americano que vai fornecer para a Ásia é promissor, para pelo menos nos próximos 15 anos”, explica.

Orth diz que as intempéries climáticas são temporárias, mas haverá avanços tecnológicos que podem minimizar esses efeitos de seca, como sementes tolerantes a falta de chuva. Para driblar momentos como o atual, onde o produtor amarga perdas por causa da falta de chuva nas lavouras de soja, o presidente da Aprosoja destaca que uma ferramenta é a agricultura de precisão. “Não temos informações 100% precisas sobre o clima futuro e, onde pudermos evitar perdas temos que apostar, assim, a agricultura de precisão é uma ferramenta aliada”, acrescenta.

Orth aponta essa alternativa porque diz que a irrigação é algo positivo, mas impossível para todos agricultores e toda área agricultável por um longo período de secas. “Não temos reserva de água suficiente para fazer irrigação em um período assim, por isso defendo um fundo nacional, como garantia de renda”, conclui.

No final do Fórum, foi divulgado um documento síntese dos debates que deve ser enviado às autoridades do setor. O documento foi elaborado pelo analista de mercado, Argemiro Brum, professor da Unijuí e consultor junto ao evento. 

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