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Soja: Mercado sem limites

Soja registrou preços recordes


Para alguns analistas a cotação já atingiu o topo do ano. Para mato-grossenses, ainda falta definição da safra dos EUA

Depois de pelo menos cinco safras com cotações pouco atrativas para o sojicultor, especialmente o mato-grossense, os preços da soja no mercado internacional dispararam e atingiram níveis históricos este ano, US$ 14/bushel em Chicago (EUA), no mês de fevereiro. Comparando com a média do mesmo período do ano passado, quando a saca – no máximo - chegou a US$ 10/bushel – ou muito próximo disso – há um incremento de mais 40%. O pico registrado nos três primeiros meses de 2010 não atingiu US$ 12/bushel.

O reflexo imediato da recuperação dos preços – que começou no último trimestre de 2010 – foi o aumento da área plantada e da produção, a maior da história estadual rompendo a barreira de 20 milhões de toneladas. E no embalo do mercado estima-se que mais de 80% deste volume estejam vendidos pelos produtores.

Agora, os analistas acreditam que as melhores oportunidades para venda de soja na temporada 10/11 ficaram para trás, com as cotações internacionais da oleaginosa voltando ao patamar de US$ 13/bushel em abril e previsão de “apenas se sustentar” até o mês de junho. Bushel é um padrão de medida norte-americano que equivale a 27,22 quilos.

Essa projeção vale também para Mato Grosso, porém a expectativa ainda é de que haja um movimento ascendente nos preços no decorrer do ano. “Não podemos descartar uma nova evolução nas cotações e acho que isso só vai depender da safra mundial, puxada pelos Estados Unidos, país que está iniciando agora sua nova safra de grãos”, frisa o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Glauber Silveira.

De acordo com os especialistas, o mercado tem encontrado dificuldades para continuar subindo quando se aproxima dos US$ 14/bushel, o que indica que o movimento de alta estaria perdendo o fôlego e que, por isso, o preço da soja teria atingido seu teto. “As cotações devem continuar encontrando sustentação no mercado financeiro e na competição com o milho, mas não têm mais muito espaço para subir”, considera a economista Gilda Bozza, analista do Departamento Técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).

Mas não é o que pensa Glauber Silveira. Ele diz que o cenário para a soja continua favorável e que os preços podem voltar à casa dos US$ 14/bushel, após o pequeno recuo no segundo trimestre do ano. “Sem dúvida, continuamos em um bom momento para a soja e uma mudança no atual quadro só poderá ocorrer mesmo após a confirmação da safra mundial”.

PANORAMA - De uma forma geral, segundo ele, os sojicultores estão satisfeitos com os preços. Nos meses de janeiro e fevereiro, quando o mercado estava bem aquecido, a saca de soja chegou a ser comercializada na região norte de Mato Grosso a R$ 45, praticamente o dobro em relação ao mesmo período na safra passada.

O gerente de um armazém, Dalton Cagnini, explica que, com o preço bom, a maior parte da safra já foi vendida. “A gente começou a colheita, com cerca de 60% a 70% comercializada. No decorrer da safra, foi comercializada mais alguma coisa, chegando hoje em torno de 80% da safra estadual de soja comercializada”, explica.

SAFRA - Em Mato Grosso, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o desenvolvimento da cultura foi satisfatório, apesar do atraso no início do plantio e da ocorrência de chuvas em grande volume no período da colheita, principalmente nas regiões norte e oeste do Estado, quando os trabalhos chegaram a ficar interrompidos por alguns dias. O resultado do bom desempenho do clima na safra 10/11 é uma safra 6,76% maior do que o obtido no ano passado, ou seja, recorde sobre recorde.

O preço do grão acompanha a boa produtividade. Atualmente, a saca de 60 quilos de soja está avaliada por até R$ 41. “Em relação ao ano passado, estamos ganhando de 25% a 30% a mais no preço da saca de soja. Portanto, nós só temos o que agradecer”, diz o sojicultor Ajadir Machiavelli.

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