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Soja avança sobre o milho em SC

Rentabilidade maior fez agricultores apostarem na oleagenosa, impactando nos custos de produção de aves e suínos


Rentabilidade maior fez agricultores de SC apostarem na oleagenosa, impactando nos custos de produção de aves e suínos
O plantio de soja para a safra 2010-2011 começa com previsão de área recorde em SC. As primeiras estimativas da Conab apontam para uma expansão de 5 a 8% em relação à marca histórica de 440 mil hectares registrada no ano passado.

O engenheiro agrônomo e analista de mercado do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, Julio Alberto Rodigheri, explica que o avanço da soja se dá sobre o milho, cultura cuja área plantada deve cair entre 4% e 8%.

Já o engenheiro agrônomo Jacques Schwanbach, da Cooperativa Regional Alfa (Cooperalfa), com sede em Chapecó, estima que a área de soja possa crescer em torno de 10% nos 57 municípios de sua atuação.

Este movimento em direção à soja está ligado ao preço da saca projetado para a colheita do ano que vem. Além disso, a oleagenosa é menos suscetível à estiagem e tem um custo menor de produção. Se uma lavoura de milho de alta tecnologia exige R$ 1,7 mil por hectare, a mesma área de soja sai por R$ 980.

O agricultor Mauro Casanova, que também é engenheiro agrônomo, decidiu plantar 15 hectares de soja e apenas cinco de milho, apenas para alimentar os animais.

–Nos últimos três anos, tive prejuízo com o milho – justifica.

Casanova chegou a receber R$ 15 por uma saca de 60 quilos de milho, contra os R$ 42 pagos pela soja. Ele investiu 15% a mais em adubação e espera ter um ganho de até 20% em produtividade em relação a média de 50 sacas por hectare da última safra.

Outro exemplo do que está ocorrendo no Oeste do Estado vem de Gilmar Finco, de Chapecó. Em 2009, ele plantou 17 hectares de milho e 13 de soja. Este ano, a proporção será de 20 hectares de soja e 10 de milho.

O pesquisador Julio Rodigheri observa que o aumento na produção de soja levou SC a atingir a autossuficiência à demanda industrial do grão, processado como óleo ou farelo, que é de 1,13 milhão de toneladas. Em 2009, a produção superou em 235 mil toneladas o consumo.

Redução afeta a agroindústria

Se é boa para o produtor, que tem ganhado mais, a troca do milho pela soja é prejudicial para a agroindústria catarinense.

– Para o Estado, o milho é mais importante – afirma Rodigheri.

O motivo é simples: a ração para os animais tem 75% de milho. A redução da área do cereal deve elevar o déficit da matéria-prima, que foi de 1,8 milhão de toneladas no ano passado, para mais de 2 milhões de toneladas. O consumo de milho do Estado é de 5,4 milhões de toneladas anuais e a estimativa de produção não supera os 3,4 milhões de toneladas, isso se o clima não atrapalhar.

As agroindústrias serão obrigadas a buscar milho no Centro-Oeste ou até no Paraguai, encarecendo o custo de produção, o que pode refletir no preço da carne de frango e de suíno ao consumidor final.

– A situação é preocupante – resume o secretário estadual de Agricultura, Enori Barbieri.

Ele considera que a redução do milho é fruto da falta de política do governo de preço mínimo ao produtor.

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