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Soja do Mato Grosso está pronta. O problema é tirá-la do campo

No Médio-Norte mato-grossense, os produtores rurais estão animados com os índices de produtividade


Ao perguntar para qualquer produtor brasileiro o segredo para uma boa colheita, as respostas podem variar um pouco, mas dificilmente algum vai deixar de citar tecnologia, qualidade do solo e, principalmente, o clima. E, nos últimos ciclos, é o último que tem determinado o tamanho da safra. No ano passado foi espetacular. Não importa o estado, é difícil encontrar um agricultor que não elogie São Pedro. Não é para menos: o clima neutro, sem influência de nenhum fenômeno, possibilitou que o Brasil obtivesse o melhor desempenho da história no campo.

Mas e agora? Bom, o jogo não virou, mas também não está perfeito. Na região Médio-Norte do Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, o plantio começou atrasado em relação à safra passada por causa de uma estiagem severa. É preciso lembrar, no entanto, que o Mato Grosso corresponde a 10% do território nacional, ou seja, uma cidade pode viver uma realidade completamente diferente da vizinha.

Em Sorriso, município que mais produz soja na região, 25% dos 700 mil hectares dedicados à oleaginosa já foram colhidos. A produtividade média lá gira em torno de 60 sacas por hectare. Situação bem diferente de Nova Mutum, localizada a apenas 159 km ao Sul de Sorriso, onde apenas 8% dos 410 mil hectares foram colhidos. “A diferença está no clima. Em algumas cidades, o tempo permitiu um plantio precoce e que a colheita fosse feita antes”, conta gerente regional da C.Vale no Mato Grosso, Jaime Jairo Radtke. A cooperativa paranaense conta com 14 unidades em Mato Grosso.

Neste momento, está chovendo muito na região. Segundo Radtke, para os produtores que plantaram soja de ciclo indeterminado, elas são benéficas. As lavouras estão saudáveis, sem grandes incidências de pragas e doenças ao longo da BR-163, nas cidades em que a cooperativa atua. Mas acende o sinal amarelo para os produtores com plantas de ciclo determinado. “Tem lavouras dessecadas prontas para serem colhidas. Se forem só pancadas, tudo bem. O tempo abre e em quatro horas as máquinas estão colhendo. Mas se for uma chuva contínua, aí é possível ter problema. É justamente o que preocupa, já que a previsão indica chuvas por mais alguns dias”, diz Amarildo Mancini, gerente da unidade da C.Vale em Nova Mutum.

O produtor João Marcelo Verrísmo, que semeou 1.200 hectares na cidade, diz que colheu 330 hectares, com uma produtividade média de 60 sacas/ha. “Precisei da ajuda dos vizinhos, colocamos várias colheitadeiras para dar conta de colher o que já estava dessecado”. Ele espera que o tempo colabore para que o trabalho na lavoura continue.

Os agricultores Irineu e Irivelton Becker, pai e filho, também. Até agora, eles colheram 60 dos 650 hectares plantados com soja. Por enquanto, a média está em 71 sacas por hectare, perto do recorde obtido no ano passado, de 73 sc/ha em alguns talhões. “No fim fechamos em 61 sacas, o que está de bom tamanho”, conta Irivelton. Segundo o pai, a expectativa é boa, mas a colheita está apenas começando. “Ainda tem muita água para rolar. O forte da colheita ainda não começou”, alerta Irineu.

O ânimo com os índices de produtividade não compensam a frustração com o preço. Em janeiro do ano passado, a saca de 60 quilos da oleaginosa estava cotada a R$ 60. Neste ano, a R$ 53. “Isso aumenta nosso custo de produção”, diz Irineu Becker, que comercializou 25% da safra antecipadamente. “Os custos aumentaram 15%, em média. O preço não está dos melhores”, desafaba Veríssimo.

Nesta terça-feira (31), a equipe da Expedição Safra visita o IMEA, em Cuiabá. Acompanha a live no Facebook do AgroGP.

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