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Soja e milho: Relatório expõe risco de desabastecimento

Elevação nos preços tenta ajustar produção da safra 2011/12 à demanda internacional


Elevação nos preços tenta ajustar produção da safra 2011/12 à demanda internacional

Nem bem a colheita brasileira de verão começou e todas as atenções do mercado já estão voltadas para a temporada 2011/12. Mesmo que Brasil e Argentina consigam driblar o clima e tenham safras cheias, a produção não será suficiente para reabastecer as reservas mundiais de soja e milho e o mundo vai viver dias perigosos no abastecimento de grãos. Foi o que mostrou o balanço de oferta e demanda divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na última semana.

Ao apontar safras menores que o esperado nos EUA e estoques mundiais em patamares críticos, o relatório deixou uma mensagem clara: será preciso aumentar consideravelmente o plantio de grãos para espantar o risco de desabastecimento. E os norte-americanos devem tomar a frente nesse processo de recomposição de estoques. De acordo com analistas, a safra 2011/12, que começa a ser planejada no país, precisará de cerca de 4 milhões de hectares adicionais para garantir produção de grãos suficiente.

O que não se sabe ao certo é de onde viria essa área. “É a primeira vez em 32 anos que não sei de onde vamos tirar esses hectares. A situação é bastante complicada. Não há espaço para erros”, diz o analista norte-americano Dan Basse, da AgResource Company.

O consenso entre especialistas é que soja e milho tendem a ganhar terreno sobre as chamadas culturas industriais como feno, alfafa e aveia. “Mas ainda assim será muito difícil conseguir toda a área necessária, pois nossa fronteira agrícola já chegou ao limite. Na melhor das hipóteses, soja e milho ganharão 1 milhão de hectares nos EUA em 2011/12”, considera Tim Hannagan, da PFGBest.

“A briga por área deve ser mais acirrada do que nunca nos EUA em 2011/12 e os números do USDA mostram que a situação é mais perigosa para o milho”, considera Steve Cachia, analista da Cerealpar em Malta. Segundo ele, fundamentos fortes para a soja significam que o preço do milho vai ter que subir mais que o da oleaginosa no mercado internacional para estimular o plantio e não colocar em xeque o programa de etanol dos EUA.

“Acredito que o cereal terá a preferência do agricultor norte-americano nessa disputa. Até pelo programa de etanol”, concorda Aedson Pereira, analista da AgraFNP em São Paulo. Quando o plantio de milho avança, normalmente a soja recua no país, ainda que a oleaginosa também possa cobrir áreas não ocupadas por trigo ou algodão, explica.

“O milho vai ter de acompanhar a arrancada recente da soja, sob o risco de perder terreno. O quadro é inverso ao de dois meses atrás, quando era a soja que corria atrás do milho para não perder área. Na minha opinião, o produtor norte-americano vai deixar 5% da área para decidir o que fazer pouco antes do início da temporada, dependendo da relação de preço entre os dois produtos na boca do plantio”, diz Cachia.

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