Soja guardada espera melhores preços
No Paraná, quem ainda tem a safra estocada prefere segurar a produção nos armazéns na esperança de uma reação
O preço dos grãos acumula queda na semana. A soja tem registrado as maiores perdas. Desde o começo do mês, a desvalorização chega a 17%. No Paraná, quem ainda tem a safra estocada prefere segurar a produção nos armazéns na esperança de uma reação.
Se fosse nesta mesma época do ano passado, o armazém do seu Valdir Lazarini estaria mais vazio. Este ano, o produtor ainda espera o momento melhor para vender a soja e trocar por insumos para a próxima safra. Como os preços caíram, os planos foram adiados.
“Estamos aguardando que agora, no começo de agosto, se der alguma baixa a mais nos insumos, nós devemos comercializar e comprar produto para a próxima safra”, disse seu Valdir.
Este ano a comercialização da soja está mais lenta no Paraná. De acordo com a Secretaria da Agricultura do Estado, setenta e dois por cento da safra foi comercializada até agora. No ano passado, já haviam saído dos estoques 82% dos grãos. Um dos motivos é o preço.
A saca, que em julho do ano passado valia R$ 45 em média no Estado, hoje vale R$ 41. A queda no preço segue o ritmo da Bolsa de Chicago, que vem oscilando muito, mas tem estado com uma média de 40% mais baixo do que o registrado em julho do ano passado. O analista de mercado Toni Silva explicou que são três os motivos da desvalorização da soja.
“Antigamente, a soja era vista como alternativa para o petróleo porque subiu muito. Agora, caíram as cotações violentamente. De US$ 160 o barril chegou a menos de US$ 60. Até pode cair porque a demanda caiu muito. Caindo a demanda pelo petróleo, caiu pela soja, caiu pelo milho e tornou-se inviável produzir biocombustível. Por outro lado, com a crise mundial, nós vimos também a demanda caindo. E o terceiro fator é que a perspectiva de produção mundial de soja e de milho é muito boa, principalmente começando pelo Hemisfério Norte, especificamente pelos Estados Unidos”, falou Silva.