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Soja safrinha prejudica estratégias de controle da ferrugem asiática


O plantio de soja safrinha, cultivada no inverno sob irrigação, está prejudicando as estratégias de controle da ferrugem da soja indicadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Esse assunto foi destaque das discussões de ontem durante a VII Conferência Mundial de Soja, IV Conferência Internacional de Processamento de Soja e III Congresso Brasileiro de Soja, que segue até hoje (05-3) em Foz do Iguaçu, PR.

"O plantio de soja safrinha aumenta o risco de incidência e a severidade da ferrugem asiática da soja, além de dificultar a aplicação das estratégias recomendadas pela pesquisa", alerta João Flávio Veloso, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Soja (Londrina,PR) e coordenador de uma força-tarefa instituída pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para acompanhar a evolução da doença.

Medidas como a antecipação da semeadura e o plantio de cultivares precoces acabam não tendo efeito quando a soja é cultivada continuamente. A soja no inverno se torna um problema porque serve de hospedeira para o fungo.

"Como o esporo continua se multiplicando, ele está presente no ar em maior quantidade quando se inicia o plantio de verão. É por isso que, este ano, a ferrugem foi identificada em várias fases da planta e, normalmente, muito mais cedo do que nos anos anteriores", explica Veloso.

Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, José Tadashi Yorinori, as áreas de produção de semente no inverno, principalmente na região Central do Brasil, foram responsáveis pelo surgimento precoce da ferrugem nesta safra. "O que nos preocupa são as perdas, que vão crescendo a cada safra, uma vez que o fungo consegue se multiplicar ainda mais", explica Veloso.

No ano passado, a ferrugem provocou prejuízo de Us$ 1 bilhão, considerando os custos com fungicida e a perda de rendimento. Além de favorecer a ferrugem, o cultivo contínuo de soja também propicia o aparecimento de outras doenças, a multiplicação das pragas e das plantas daninhas, afeta as características físicas, químicas e biológicas do solo, entre outros problemas.

Para a Embrapa em algumas regiões há relatos de perdas de 20% da produção. " Este ano, a ocorrência foi generalizada e pegou muitos agricultores de surpresa.

A região próxima às divisas do Estado de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul estão em piores condições porque o clima está favorável para a doença. No Mato Grosso, onde os produtores estavam mais preparados, o que atrapalhou foi o excesso de chuva", relata.

O pesquisador comentou também sobre o tipo de fungicida mais apropriado para controle, uma dúvida muito comum dos agricultores. "Os produtos da classe das estrubirulinas possuem efeito protetor e só podem ser aplicados antes de constatadas a ferrugem na lavoura.

O grupo dos triazóis têm ação curativa e devem ser aplicados após a constatação inicial da ferrugem", explica. A doença reduz a produtividade das lavouras e seu controle aumenta significativamente os custos de produção. A Embrapa Soja mantém um sistema de Alerta em sua página na Internet, onde orienta sobre as estratégias de controle e disponibiliza um mapa dos municípios onde a doença foi detectada. O Portal Agrolink disponibiliza os produtos indicados e liberados pelos Ministério da Agricultura para combater a ferrugem.

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