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Soja sobe para R$ 41 por saca, puxada por compras da China

Aumento das exportações de soja continua alavancando os preços do grão no mercado interno


O aumento das exportações de soja continua alavancando os preços do grão no mercado interno e já cria condições para o produtor antecipar negócios na safra 2009/2010. No Mato Grosso, estado que respondeu, isoladamente, por 44,4% das exportações da oleaginosa no País, o sojicultor está vendendo a saca por até R$ 10 acima do valor negociado na temporada passada. O principal fator de recuperação das empresas do setor de grãos e de equilíbrio na conta dos produtores continua sendo a China.

Dados da revista especializada Oil World apontam para um forte incremento na demanda de soja colhida pelos três principais países produtores: Estados Unidos, Brasil e Argentina.

Os embarques brasileiros seguem mantendo o ritmo de crescimento das vendas. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic), a média diária das exportações de soja em junho, até a terceira semana, foi de 147,8 mil toneladas, ante 115,9 mil toneladas verificadas no mês de maio. Na comparação com junho de 2008, o incremento nas vendas chega a 48%.

O cenário de retomada também se reflete na indústria de grãos. Após sofrer com a exposição cambial no último ano, quando encerrou o exercício com prejuízo líquido consolidado de R$ 24,3 milhões, em contraste ao lucro líquido de R$ 36,5 milhões registrado no ano anterior, a Caramuru Alimentos prevê recuperação em 2009, baseada no aumento das exportações em volume e em reais. No primeiro trimestre do ano, a receita bruta da empresa somou R$ 473 milhões, ante R$ 351 verificados em 2008, uma expansão de 35%. Em volume, o aumento foi da ordem de 41%, de 306 mil toneladas para 433 mil toneladas no mesmo período.

"A China foi responsável, bem como o caixa, para embarcar mais cedo, aproveitando logística de armazenagem recém-construída. Existindo também o que chamamos de inverso em Chicago: posições futuras valendo menos", afirmou César Borges de Souza, vice-presidente da Caramuru. Este ano, a empresa espera faturar R$ 2,2 bilhões, alta de 2% sobre os R$ 2,1 bilhões de 2008.

A logística também deverá melhorar as margens da companhia. "Vamos aumentar o escoamento por hidrovia em 2009. A estimativa anual é de 872 mil toneladas contra 813 mil toneladas no ano anterior. Um aumento de 7%", disse Borges. No primeiro trimestre de 2009, a Caramuru utilizou a rede hidroviária para escoar 163 mil toneladas, ante 159 mil toneladas na comparação com igual período no ano passado.

O investimento em logística tem sido o principal direcionamento dos recursos das companhias em expansão. O Grupo André Maggi irá vai investir no transporte de grãos e na implantação de uma nova indústria de esmagamento de soja na região de Rondonópolis, no Mato Grosso. O grupo já conta com duas indústrias de beneficiamento de soja no estado, uma em Lucas do Rio Verde com capacidade para esmagar 3 mil toneladas por dia, e outra na cidade de Cuiabá, com capacidade para processar 1,5 mil toneladas diariamente.

O Mato Grosso tem sido o mais beneficiado pela demanda chinesa por soja. A receita com as exportações de soja em grão somam no acumulado de janeiro a maio de 2009 US$ 2,11 bilhões, contra US$ 1,70 bilhão do ano passado - um aumento de 24%. Em volume, o aumento é ainda mais significativo: de 41,5%, sendo a China demandante de quase metade do total. O complexo soja responde por 75% do total das exportações estaduais.

De acordo com Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja), apesar do aumento das exportações do estado, o tamanho da safra é praticamente o mesmo e poderá faltar soja no final do próximo semestre. "O produtor vendeu a soja e as tradings já estão retirando. Isso lá na frente pode parar", alerta. Segundo ele, preços melhores e o câmbio estão ajudando a equilibrar as contas dos produtores e o acesso ao crédito dá sinais de retomada. "No ano passado a gente vendia de R$ 32 a R$ 34 a saca. Este ano vende até por R$ 41 a saca", disse Silveira.

Na Bolsa de Chicago, os preços oscilam segundo o dólar e notícias sobre o desenvolvimento das lavouras norte-americanas, mas o cenário permanece altista.

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