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Soja tem preço recorde no ano

Queda dos estoques impulsiona preços na Bolsa de Chicago. No mercado interno, a saca da soja fica R$ 1 mais cara


A redução dos estoques finais da safra total de soja publicada no último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) teve reflexo imediato nos preços da commoditie no mercado internacional. Bom para Mato Grosso, que na reta final de colheita comemora a possibilidade de fazer uma melhor comercialização da sua safra.

Para os produtores, a notícia sobre a queda da safra mundial veio em bom momento. "[A redução] é muito positiva mesmo e minimiza parte das perdas que teríamos em função dos altos custos de produção e dos baixos preços que vinham sendo praticados no mercado internacional", avalia o gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), Luís Nery Ribas. "Ainda não é o preço ideal, mas os produtores apostam em uma recuperação mais forte dos preços para que possam planejar com mais tranqüilidade a próxima safra".

De acordo com o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), Seneri Paulo, tão logo o Usda divulgou o relatório, "automaticamente os preços na Bolsa de Chicago reagiram". No mercado internacional, os preços saltaram de US$ 9,70/bushel (27,2 quilos), a US$ 9,90/bushel para até US$ 10,20/bushel, incremento de 5,15% no comparativo entre a maior e a menor cotação.

No mercado interno, o anúncio do Usda também mexeu com os preços. "Tivemos um aumento de R$ 0,50 a R$ 1 por saca de soja", informa Seneri. Considerando uma safra de 17 milhões de toneladas e pegando-se por base o valor maior (R$ 1/saca), o ganho total para os produtores será de R$ 283,33 mil somente com a safra de soja.

"Não posso afirmar que este seja o momento ideal para os produtores efetuarem a comercialização da safra, mas o cenário hoje é o melhor dos últimos três meses", pondera o superintendente do Imea.

Ele informou que até março os produtores mato-grossenses já haviam vendido 58% da safra de soja, restando ainda 42% da produção (7,14 milhões de toneladas) por ser negociada.

ESTOQUES - Para Seneri, a redução dos estoques mundiais sinaliza uma recuperação nos preços na Bolsa de Chicago. De acordo com o relatório da Usda, a principal mudança foi em relação à safra argentina, onde a seca dos últimos meses castigou as lavouras da oleaginosa. Com isso, o relatório reduziu em 4 milhões de toneladas a previsão de safra no país vizinho, agora estimada em 39 milhões de toneladas.

O governo americano estima a produção mundial de soja em 218,7 milhões de toneladas, queda de 2% em relação à previsão do relatório de março e 0,9% inferior ao ano passado.

A produção mundial de grãos recuou pouco mais de 4 milhões de toneladas em relação ao relatório de março, para 2,22 bilhões de toneladas. Ainda assim, o número é 4,8% superior à safra 2007/08.

"Os números que o mercado mais esperava eram os relativos ao aumento da exportação e queda no estoque final da soja nos Estados Unidos. Apesar de pequenas, as mudanças ficaram dentro das expectativas", avalia Glauco Monte, analista da FCStone.

Conforme dados do relatório, as exportações americanas de soja atingirão 32,9 milhões de toneladas, 700 mil toneladas a mais que o estudo de março. Amparado por esse motivo, os contratos da soja com vencimento em julho fecharam estáveis em Chicago, cotados a US$ 10,02 o bushel (alta de 0,04%.

"A soja teve forte alta durante todo o pregão e caiu no final do dia. Além dos números do Usda, a queda do dólar e o petróleo em alta também ampararam o movimento", destaca Monte.

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