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Sojicultores do Brasil seguram vendas com força do real e compras da China nos EUA

Condições ruins de mercado também estão afetando as decisões de plantio para a safra 2019/2020 do Brasil, que será semeada a partir de setembro


As condições ruins de mercado também estão afetando as decisões de plantio para a safra 2019/2020 do Brasil, que será semeada a partir de setembro. Os agricultores geralmente compram insumos como sementes e fertilizantes em acordos de troca com comerciantes e tais negócios de “barter” estão atrasados, disseram agricultores e empresas. “O mercado está travado”, disse um comprador de soja que representa uma grande trading em Mato Grosso, o maior Estado produtor de soja do Brasil, que pediu anonimato para falar livremente.

Ao contrário de outros anos, os operadores grãos não lançaram campanhas de “barter” em dezembro para tentar fechar negócios com as safras futuras, pois os preços dos fertilizantes importados aumentaram e o valor da soja caiu, com um real mais forte, disse o comprador.

Mato Grosso, que deve colher cerca de 32 milhões de toneladas de soja nesta temporada, ainda não vendeu aproximadamente metade da sua produção da safra atual (2018/2019). “As vendas no mercado presente estão lentas com o produtor aguardando melhores preços”, disse Cayron Giacomelli, produtor de soja, por telefone. Ao mesmo tempo, as vendas futuras são prejudicadas pelas incertezas da guerra comercial, acrescentou ele. Os produtores venderam cerca de 46,6 por cento da produção estimada do Mato Grosso para esta temporada até janeiro, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), abaixo da média de cinco anos de 49,9 por cento.

A situação é um mau presságio para toda a cadeia de fornecimento, uma vez que os agricultores insatisfeitos com as margens tendem a resistir e a pressionar as empresas de logística, as tradings e as vendedoras de fertilizantes a reduzir suas próprias margens.

As exportações de soja também estão abaixo das expectativas no início de 2019, dado o quão avançada é a colheita, disse Frederico Humberg, fundador da AgriBrasil, uma empresa de originação de grãos em São Paulo.

Humberg disse que o retorno da China ao mercado de soja dos EUA, após uma trégua na guerra comercial, reduziu os prêmios portuários do Brasil e prejudicou o aumento potencial dos preços locais da soja. A situação também está limitando os preços de frete, ele disse. “O cenário é muito pessimista em termos de preço a produtor”, disse Humberg, argumentando que altos estoques de soja dos EUA tendem a continuar pressionando a bolsa de Chicago.

A associação de produtores de grãos Aprosoja disse que a guerra comercial é ruim para os sojicultores locais porque sua referência é Chicago e a disputa comercial deixou os silos de soja dos EUA cheios de grãos. Com a intensificação da colheita nos próximos 20 dias, os produtores brasileiros que não têm espaço de armazenamento podem ser forçados a vender, de acordo com Daniel Latorraca, superintendente da Imea. “O que sobrar nos armazéns após essa pressão vai ser vendido à medida que o preço melhore, após o pico da safra (a partir de junho)”, disse ele.

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