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Solução age contra ferrugem no tratamento de sementes

Trata-se do único produto para a semente que age contra uma doença posterior a germinação


Foto: Divulgação

A Ferrugem Asiática causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi é responsável por perdas milionárias na cultura da soja. Dependendo do grau de severidade pode afetar até 90% da lavoura, com perdas estimadas em até R$ 12 bilhões, segundo o Cepea. Somente na safra 2020/21 esses gastos foram de US$ 2,8 bilhões. No balanço das últimas safras os dano ficam entre 20 a 50 kg a cada 1% de severidade da doença.

Atualmente a forma mais efetiva de combate à doenças é o uso de fungicidas. Com o tempo eles perdem a eficácia devido à resistência. As misturas duplas, por exemplo, ainda protegem mas estão em decadência. As misturas triplas ainda têm níveis aceitáveis de controle mas com a mesma tendência de declínio.

Nesta quinta-feira (15) foi anunciado em uma coletiva de imprensa um novo produto que chega para o combate da doença já no tratamento de sementes. Até então não havia nenhuma solução que atacasse a doença de ocorrência foliar na semente. “Em geral hoje a maior parte de produtos para o tratamento de sementes se dirigem apenas a problemas da semente e suas doenças iniciais e não foliares como o caso em questão”, detalha o gerente técnico e de regulamentação, Sérgio Luiz de Almeida.

Como funciona

Com o nome comercial Saori, desenvolvido pela Plant Health Care Brasil, trata-se de um bioquímico que se decompõe logo após a aplicação. Tecnicamente é um peptídeo derivado da proteína Harpin, descoberta em 1992 nos Estados Unidos e no Brasil desde 2016. A substância deixa a planta mais resistente contra os fatores bióticos, como doenças e pragas, e abióticos como estresses hídricos. 
“A Harpin foi cortada e foi tirado um conjunto de aminoácidos, em uma determinada sequência, formando a terceira parte com função específica”, explica Almeida.

A ação ocorre já no começo do ciclo da soja. “Os primeiros sintomas da ferrugem podem ocorrer já na fase vegetativa e se agravar somente na vegetativa. O produto protege a planta onde ninguém consegue proteger”, diz o gerente de marketing, Fernando de Souza.

Além de proteger a planta já no estágio inicial, o produto também potencializa a ação de fungicidas e reduz o risco de resistência em percentuais entre 17 e 29%. Com ciclo vegetativo mais sadio a soja consegue botar mais folhas no baixeiro, encher mais grãos e ter um aporte em produtividade em até 5,8%. De acordo com testes a campo realizados em áreas de vários Estados brasileiros, áreas com apenas o programa de aplicação foliar tiveram produtividade de 3.084 kg/ha e com tratamento de sementes com o bioquímico a produtividade alcançou 3.264 kg/ha. Veja nas fotos a diferença do desempenho das plantas. 

Na esquerda uma área somente com tratamento foliar e na direita uma com tratamento foliar mais o produto no tratamento de semente. 

“Quando aplicado o sistema receptor de proteína da planta identifica o Saori como um problema que pode matá-la. Internamente ela sinaliza para toda planta esse alerta. Assim é como se fosse uma vacina, quanto mais cedo aplica mais efetivo é contra o problema”, aponta o gerente técnico.

O produto orgânico foi lançado exclusivamente no Brasil e estará disponível já na safra 2021/22 e tem recomendação de ser usado na semente nua, podendo depois esta receber outras substâncias como inseticidas e fungicidas depois. Tem indicação tanto para tratamento industrial e on farm. “É uma satisfação trazer de maneira exclusiva ao sojicultor brasileiro, uma tecnologia nova e sustentável para o controle de doenças na cultura”, revela Rodrigo de Miranda, diretor geral da Plant Health Care Brasil.

Em relação aos custos a empresa estima que fique no valor de uma aplicação de fungicida vegetativo. “O custo de retorno ao produtor é de seis vezes o valor investido”, finaliza Almeida.

Já são realizados ensaios para outras doenças fúngicas da soja como mofo-branco, mancha alvo e mancha-parda. Também há estudos em áreas de café e cana-de-açúcar. 

REVEJA: VÍDEO: Como conviver com a Ferrugem Asiática?


 

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