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Stephanes: agricultura enfrenta crise com trabalho

Parceria entre os ministérios da Agricultura, Fazenda e Planejamento e o Banco do Brasil na tomada de decisões para a atividade, que é responsável pelo superávit da balança comercial do agronegócio


"O setor agrícola tem se mostrado determinante para o Brasil superar a atual crise mundial", disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, ao lançar o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2009/2010, na segunda-feira (22), em Londrina/PR. "Sabemos que ainda temos um grande caminho pela frente, mas sabemos que estamos na direção correta", disse.

Antes de anunciar as medidas de apoio à agricultura, Stephanes ressaltou a parceria entre os ministérios da Agricultura, Fazenda e Planejamento e o Banco do Brasil na tomada de decisões para a atividade, que é responsável pelo superávit da balança comercial do agronegócio. O ministro fez ainda um cumprimento especial aos representantes e presidentes de cooperativas presentes no lançamento, lembrando que as cooperativas respondem por 50% da produção agrícola do Estado.

Presidente Lula - De acordo com o ministro, a vinda do presidente Lula ao Paraná valoriza o maior produtor agrícola do País. "O Paraná, que ocupa um pouco mais de 2% do território nacional, produz quase um quarto da produção agrícola do país", ressaltou. A participação de Lula no lançamento do Plano Safra mostra também a valorização e a importância que o governo dá a agricultura brasileira que, mesmo com crise, problemas de preços e de mercado, seca e outras adversidades climáticas, continua plantando e produzindo. "Isto é determinante e importante para que o país supere a crise. O setor agrícola tem se mostrado o mais dinâmico para ajudar o país sair da crise. Continuamos plantando e produzindo. Continuamos exportando, tanto que as exportações de janeiro a abril são maiores em volume e valores em relação ao ano passado. Isto mostra a importância e dinâmica da agricultura nacional, no processo de desenvolvimento nacional e no processo de superação da crise", afirmou o ministro.

Otismismo - O ministro ressaltou que o Plano deste ano é diferente do que foi lançado no ano passado. "Naquele ano havia muito otimismo, os preços agrícolas estavam no nível mais alto e a perspectiva por demanda era muito forte", observou. Mas na opinião do ministro o Brasil não pode perder o otimismo, pois embora a crise tenha afetado com muita força os países desenvolvidos, com reflexos nos países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, o mundo continua comendo e continuará a comendo. "O mundo voltará a crescer. A meta de aumentar em pelo menos 50% a produção mundial de alimentos até 2020, e dobrar a produção até 2050, continua de pé. O mundo vai continuar precisando dos nossos alimentos e dos nossos agricultores", afirmou.

Recursos - Segundo Stephanes a ampliação de recursos do Plano Safra, que este disponiblizará R$ 107,5 bilhões, mostra claramente uma determinação do governo em investir na agricultura. De acordo com o ministro, serão contemplados com o Plano Safra o custeio, os investimentos, a agroindústria e a comercialização. O governo também aumentou o volume de recursos para a agricultura familiar, para as cooperativas, para a classe média rural, além de destinar recursos para a recuperação de áreas degradadas, a exemplo do que já vem sendo desenvolvido no Noroeste do Paraná e que visa a integração da lavoura, pecuária e florestas. "Queremos desenvolver uma agricultura sustentável".

Agenda - Em seu discurso, o ministro Stephanes fez ainda um rápido relato de uma agenda assumida pelo governo para a agricultura. "Esta agenda é composta por alguns pontos considerados importantes para a estruturação e melhora da agricultura brasileira, independentemente dos planos safras", disse. As ações prioritárias do Mapa previstos nesta agenda incluem investimentos em pesquisa, defesa agropecuária, infraestrutura e logística e o aumento da produção de fertilizantes.

Pesquisa - Em relação à pesquisa, Stephanes lembrou que o PAC Embrapa aumentou em 30% os recursos para investimentos em tecnologia, por meio da contratação de novos pesquisadores. Além disso, ressaltou a criação de unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, ampliando a rede nacional de pesquisa para multiplicar a capacidade de trabalho. Para o ministro, são significativos os avanços na área de defesa agropecuária. "Há alguns anos tínhamos problemas com a Rússia, União Europeia e Estados Unidos. Hoje, o país é respeitado pelo trabalho que desempenha e o governo federal aplicou os recursos necessários para garantir os avanços que estamos verificando agora."

Endividamento - O ministro lembrou ainda que houve um avanço significativo na questão do endividamento rural. "O trabalho foi feito ao longo de dez meses e resultou em uma Medida Provisória voltada para equacionar e solucionar o problema. Deu uma certa tranqüilidade, porém, assim que assinamos a MP veio a crise mundial. Desta forma, aquilo que tínhamos feito com base numa perspectiva boa, foi travado. Mas isto está sendo administrado", afirmou.

Crédito - Stephanes reafirmou que o governo estuda um novo modelo de financiamento para o setor agropecuário. "O objetivo é evitar os entraves do passado, quando tivemos problemas de mercado com a China, que levou os agricultores a um nível elevado de endividamento." Outro ponto citado pelo ministro Stephanes é a criação do Fundo de Catástrofe, uma espécie de resseguro para o setor em caso de adversidades climáticas. O Projeto de Lei que cria o fundo tramita no Congresso Nacional, em regime de urgência.

Novos mercados - Outra questão que faz parte da agenda do governo para a agricultura envolve a abertura de novos mercados. "O presidente tem sido um caixeiro viajante, tendo percorrido o mundo com o objetivo de abrir mercados para o Brasil. Dezenas de mercados estão sendo abertos, tanto que estamos aumentando as exportações em plena crise", afirmou o ministro. Outra questão, difícil e polêmica, mas que está na agenda, é a necessidade de alterar alguns itens do Código Florestal, adaptando a legislação a realidade brasileira e tratando o assunto de forma racional, equilibrada e com fundamentação técnico-científica.

Fertilizantes - E finalmente, uma questão que está na agenda do governo de maneira muito forte, a ponto do presidente Lula ter feito uma reunião para tratar deste assunto, é a questão dos fertilizantes. Stephanes lembrou que o Brasil importa 70% das suas necessidades de insumo básico, sendo que 91% do potássio é importado. "O país é altamente vulnerável. Mas nossos estudos estão caminhando bem, e acabamos descobrindo que o Brasil tem minas de fósforo e que podem tornar o país autosuficiente. Também descobrimos, para surpresa de todos, que temos a terceira maior depósito de potássio do mundo", contou", disse. O programa brasileiro de fertilizantes prevê que em cinco anos o País será autosuficiente em nitrogenados, em seis a oito anos será em fósforo, e de oito a dez anos em potássio.

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