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Stephanes diz que crédito agrícola está mais eficiente

Os produtores rurais habitualmente reclamam que a verba anunciada leva muito tempo para chegar à ponta do sistema financeiro


O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, avaliou hoje que a liberação do crédito agrícola está mais eficiente que no ano passado. A declaração foi feita no anúncio, em Londrina, no Paraná, do plano de R$ 107,5 bilhões que irá financiar a safra 2009/10. Stephanes disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou atitudes "duríssimas" junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para acelerar o repasse de recursos, depois que foi constatada demora no começo do ano. Os produtores rurais habitualmente reclamam que a verba anunciada leva muito tempo para chegar à ponta do sistema financeiro.

"As questões melhoraram bastante e é isso que esperamos que continue ocorrendo daqui para adiante", afirmou ele, durante entrevista para apresentar as linhas básicas do Plano Agrícola e Pecuário 2009/10. Como indicativo da melhora, Stephanes citou que o Banco do Brasil (BB) emprestou 37% a mais entre janeiro e maio, na comparação com o mesmo período de 2008. "Mesmo que não esteja chegando em alguns casos, no geral nós estamos mais eficientes do que no ano passado."

Mesmo assim, o endividamento do setor agrícola criou dois problemas, conforme o ministro. Em primeiro lugar, o agricultor ou a cooperativa esgotou sua capacidade de fornecer garantias. Em segundo, há o efeito sobre a classificação de risco dos bancos, que precisam elevar provisões para cobrir a eventual inadimplência dos devedores. Para modificar a situação, foi criado um grupo de trabalho entre Ministérios da Fazenda, da Agricultura, BB e produtores que estuda alteração no sistema de financiamento, disse. Ele estimou que uma solução só deverá estar disponível para o plano de safra 2010/11.

Stephanes também avaliou de forma positiva a reestruturação de dívidas dos agricultores. Embora satisfatório, o processo, segundo o ministro, foi prejudicado pela crise financeira internacional. Na visão do governo, a agricultura é um dos setores dinâmicos capazes de combater os efeitos da crise. Ele lembrou que a agricultura, historicamente, cria superávit na balança comercial e ajuda a compensar déficit de outros setores. Em 2009, de oito produtos com desempenho positivo até maio em relação ao ano passado, sete são agrícolas, comparou o ministro.

Segundo os dados do ministro, as tradings "vagarosamente" começam a retomar o financiamento de parte da safra, após a retração causada pela crise financeira no ano passado. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que acompanhou a apresentação do plano de safra, considerou que há incerteza sobre a parcela de contribuição das tradings na próxima lavoura.

Cooperativas

Stephanes disse que, com exceção do Centro-Oeste, as cooperativas tiveram capacidade de assumir espaços que eram abastecidos pelas tradings no financiamento da safra. O governo entendeu isso e reforçou os recursos para capital de giro e investimento do setor, citou ele, alocando R$ 2 bilhões para o Programa de Capitalização das Cooperativas de Produção Agropecuária (Procap Agro).

Junto com as cooperativas, o médio produtor rural é um dos principais focos do plano de safra. O ministro lembrou que no ano passado tinham sido reservados R$ 2,5 bilhões para esta faixa de produtor, mas foram aplicados menos de R$ 2 bilhões. No plano 2009/10, a verba aumentou para R$ 5 bilhões com "caráter obrigatório", conforme o ministro. O governo ampliou de R$ 250 mil para R$ 500 mil a renda anual do agricultor enquadrado nesta faixa.

Stephanes não fez previsão sobre quantos produtores serão incorporados a este grupo, mas disse que na prática os recursos devem exceder a previsão de R$ 5 bilhões, com juros de 6,25% ao ano. "Isso é uma clara decisão de se fortificar a classe média agrícola", afirmou. O plano de safra será oficialmente lançado hoje em Londrina, com a presença do presidente Lula.

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