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Subsídios acostumam mal novos membros da UE

Os novos integrantes da União Européia correm o risco de ficar mal-acostumados com o "dinheiro fácil" dos subsídios agrícolas


Os novos integrantes da União Européia correm o risco de ficar mal-acostumados com o "dinheiro fácil" dos subsídios agrícolas, o que atrapalharia os esforços para modernizar a forma como o bloco aloca seus recursos, disse nesta segunda-feira (19-02) a chefe de orçamento da UE, Dalia Grybauskaite.

Ela disse que pretende definir uma opção radical pelo redirecionamento do dinheiro da União Européia das políticas "antigas" --como agricultura e assistência regional-- para "novas" áreas, como inovação, energia e meio ambiente na revisão de orçamento que deve ser realizada no meio do ano.

Mas ela acrescentou, em entrevista à Reuters, estar preocupada com a possibilidade de que o fluxo de subsídios agrícolas para os países ex-comunistas que entraram no bloco em 2004 e este ano possa criar novas fontes de resistência a reformas.

"Os novos países-membros já estão começando a gostar do cheirinho do dinheiro", disse a ex-ministra das Finanças da Lituânia, acrescentando que, em seu país, muita gente não conseguia nem acreditar que estava "ganhando dinheiro de graça".

Para ela, os generosos pagamentos agrícolas não diretamente ligados ao mercado estão distorcendo as economias dos novos membros e criando oportunidades para a corrupção e o favorecimento político.

Também pode dar mais força a aliados tradicionais da França na oposição a qualquer redução significativa da fatia do orçamento da UE dedicada à agricultura --hoje de 43%. "Acho que cada vez mais os novos países-membros serão um problema, porque eles estão ficando mal-acostumados ao dinheiro fácil. Quanto mais tempo demorar, mais mal-acostumados eles vão ficar", disse ela.

Depois de meses de disputas, os governos da UE decidiram em dezembro de 2005 em criar novos parâmetros de orçamento para o período 2007-13. Como não conseguiram uma reorientação significativa das verbas para a economia da informação, os líderes do bloco decidiram realizar uma mini-revisão em 2008/9, embora a França tenha insistido que qualquer revisão nos gastos em agricultura tem de esperar até 2014.

Grybauskaite disse que vai estabelecer três opções: uma reforma radical que vá além dos tratados da UE já existentes; uma reforma mais modesta, que se mantenha dentro das políticas atuais; e uma adaptação gradativa baseada no status quo.

Ela não escondeu seu desejo por uma reforma radical, afirmando que a Comissão Européia deveria estabelecer as bases para um redirecionamento fundamental das finanças do bloco na próxima década.

O presidente da França, Jacques Chirac, é o defensor mais ardente dos subsídios agrícolas, e muitos em Bruxelas torcem para que seu sucessor, a ser eleito em maio, seja mais flexível.

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