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Suinocultura do MT deixa de faturar até US$ 500 por tonelada

Autoridades mato-grossenses vivem a expectativa da suspensão do embargo russo às exportações de carne de Mato Grosso


Autoridades mato-grossenses vivem a expectativa da suspensão do embargo russo às exportações de carne de Mato Grosso. Desde a semana passada, a notícia de que, de maneira extra-oficial, o embargo estaria suspenso, ainda não se confirmou e as justificativas para isso são inúmeras. Enquanto as informações divergem, somente no segmento de carnes suínas, cerca de US$ de 400 a US$ 500 deixam de ser faturados pela indústria frigorífica.

“Os mercados alternativos que tivemos de buscar pagam menos e por isso estamos contabilizando um faturamento aquém daquele que foi planejado, tendo a Rússia como principal destino”, avalia o gerente geral do frigorífico Intercoop, em Nova Mutum (269 quilômetros ao Médio-Norte), Carlos Sérgio Thomazi. Ele explica que mercados como Albânia e Lituânia são menos rentáveis se comparados ao russo. “Se não houvesse o embargo, poderíamos atingir o volume de vendas mensais de US$ 2 milhões”.

Thomazi explica que em função das portas que fecharam – embargo foi decretado em 20 de junho do ano passado – “há um mercado interno turbulento, com excedentes e agravado nos últimos dias em função do período de Quaresma”.

Até ontem, o delegado federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Mato Grosso, Paulo Bilego, frisou que não há nada sobre este assunto. “Tudo está como há 30 dias. O embargo foi suspenso para outros estados brasileiros, exceto para Mato Grosso e Tocantins. Permanecemos sem perspectivas. Tenho certeza absoluta de que não há fundo verdadeiro neste boato”.

Mas no segmento produtivo as informações são outras. O presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Jorge Pires, confirma a informação disseminada na semana passada de que as autoridades russas teriam enviado um documento pondo fim à suspensão das importações daquele país, mas que o ministro Roberto Rodrigues ainda estaria tomando conhecimento do teor, por meio da tradução que estaria sendo feita.

Thomazi destaca que na manhã de ontem entrou em contato com um funcionário do Ministério que integrou uma missão brasileira com o objetivo de convencer as autoridades russas das condições de sanidade animal em Mato Grosso e Tocantins, estados ainda impedidos de comercialização com aquele país.

“É visível o esforço brasileiro para reverter esta situação. Essa pessoa do Ministério me disse que não há nenhum posicionamento da Rússia, mas que há a possibilidade de que eles façam uma visita às granjas e aos frigoríficos destes dois estados, para então se pronunciar”, esclarece.

Thomazi completa ainda que a liberação poderá mesmo ser decretada por meio de documento, “mas de qualquer forma, não há prazos e nem datas para que isso venha a acontecer”, insiste.

BALANÇA COMERCIAL – O Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt) destaca que, apesar do comércio entre os dois países (Rússia e Brasil) estar suspenso no segmento das carnes, a pauta estadual contabiliza aumento nas vendas.

De janeiro a novembro do ano passado, as vendas de carnes suína aumentaram 1,376%, se comparadas ao mesmo período de 2003. “Em novembro do ano passado, tínhamos cinco meses de embargo. Esse aumento é fruto da procura por novos mercados e, por isso, não sentimos isso na balança estadual”, explica o técnicos do CIN, Emerson Mourão.

Mourão explica ainda que as vendas de carne suína são novidade para o Estado. “Até 2003 não havia essa tradição. O mercado consumidor dos nossos suínos é muito recente. Mesmo com este crescimento de mais de 1.000%, a participação deste segmento ainda é muito pequena”, aponta. Neste período de janeiro a novembro de 2004, a participação da carne suína atingiu 0,10%, contra 0,01% no mesmo período de 2003.

Para Thomazi, as vendas de fato foram ampliadas em função dos novos mercados que surgiram, “mas, em cifras, o Estado está deixando de ganhar, justamente por esses mercados serem de menor rentabilidade”, conta.

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