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Suinocultura precisa de legislação específica

Bem-estar animal de suínos abriria mercados para exportação brasileira


Suinocultura precisa de legislação específica
Curitiba - O Brasil ainda não tem uma legislação específica para o bem-estar animal na criação de suínos e isso acaba sendo um impedimento para que o País exporte para os países da União Europeia que hoje já adotam este procedimento. No momento, os mais desenvolvidos nesta área são Inglaterra, Espanha, Dinamarca e Alemanha.

Atualmente, os brasileiros ocupam a quarta colocação na exportação de suínos com a venda de 600 mil toneladas para o mercado externo, o que significa 20% da produção nacional e um total de US$ 1,32 bilhão. O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional seguido de Santa Catarina e Paraná. Hoje, o consumo per capita/ano de carne suína no Brasil é de 14,5 kg enquanto na Europa atinge 60 kg.

O maior volume de exportação do Brasil é para a Rússia (40% do total), mas a carne suína também é vendida para países da América Latina e China. O médico veterinário e coordenador do Fórum Integral de Suinocultura (FIS) que terminou ontem em Curitiba, Iuri Pinheiro Machado, disse que o Brasil teria que fazer mudanças grandes em instalações para exportar para a Europa, a começar pelas matrizes que hoje são alojadas em gaiolas e teriam que ficar em baias (espaços) coletivas. Desta forma, o animal poderia expressar mais o comportamento natural e ter atividade física.

Isso tudo, teria um custo de 20% a 30% maior em instalações e equipamentos mas, por outro lado, reduziria os gastos com mão de obra. Por outro lado, o produtor teria uma carne diferenciada e mais valorizada, abrindo espaço para venda à União Europeia.

Segundo ele, o bem-estar ideal seria uma condição de expressar o comportamento que tem na natureza e com o mínimo de sofrimento. A ideia do setor é chegar o mais próximo possível do bem-estar animal e de forma economicamente viável. Para isso, ele acredita que é necessário debater mais o assunto, realizar investimentos em pesquisa, fazer intercâmbio com outros países e ouvir o consumidor. ''O Fórum não veio para trazer soluções e conclusões, mas para iniciar um debate mais aprofundado sobre o assunto'', disse.

O médico veterinário uruguaio e especialista na área, Ricardo Segundo Cochran, acredita que o fator que mais afeta o bem-estar animal é a mão de obra ser especializada ou não. ''Os animais têm uma conexão emocional com o criador'', disse. Ele defende que os funcionários que cuidam dos animais sejam certificados e preparados. ''Isso reflete na qualidade da carne'', disse. Segundo ele, quando o suíno está estressado libera hormônios que tornam a carne mais seca, dura e escura.

Para ele, as mudanças no setor precisam ser técnicas, de equipamentos, estrutura e mão de obra. Cochran fez mestrado na Escócia sobre a produção animal intensiva.

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