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Surgimento precoce da ferrugem asiática obrigou produtor a usar mais fungicida


O surgimento precoce da ferrugem asiática nas lavouras de soja do Estado do Mato Grosso, maior produtor do país, pegou os produtores de surpresa. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja em Londrina, no Paraná, com atuação em Primavera do Leste (MT), Carlos Eduardo Pulcinelli, os primeiros focos começaram a surgir no mês de novembro em regiões de Primavera, Itaporá e Sapezal. Pulcinelli está presente na VII Conferência Mundial da Soja, em Foz do Iguaçu (PR), que termina nesta sexta-feira (05-03).

Ele destacou que embora a doença tenha aparecido precocemente, ela começou a se desenvolver somente em janeiro, mês em que as precipitações foram intensas em todo o Estado. Com isso o produtor foi obrigado a aplicar mais fungicida em relação à safra passada, quando a ferrugem só apareceu em fevereiro. “Em Primavera do Leste, por exemplo, os produtores compraram o produto para realizar uma aplicação e meia. Porém, foram obrigados a aplicar duas e meia, e ainda têm lavouras que necessitaram aplicar três e até quatro vezes”, ressalta Pulcinelli.

O pesquisador também disse que embora não tenha faltado fungicida, o sojicultor não estava preparado para uma incidência tão precoce da doença. Na região Norte do Mato Grosso, onde abrange as áreas mais produtivas como Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde, vários fatores vão determinar a quebra de safra. Pulcinelli enfatiza que além da ferrugem, os produtores estão tendo problema com a doença de final de ciclo e a mancha alva.

Para o chefe de pesquisa da Embrapa Soja, João Flávio Veloso Silva, já estão sendo elaboradas pesquisas sobre a doença a fim de tentar eliminá-la. Para isso, ele explica que estão sendo desenvolvidas novas cultivares de soja com resistência maior à ferrugem. Além disso, alguns produtos estão sendo analisados para fazer o controle químico da doença, isto é, um fungicida com efeito residual maior. O clima também está sendo abordado, visto que a ferrugem necessita de algumas características especiais em termos de umidade. Veloso Silva acrescentou que a ferrugem utiliza-se de áreas úmidas onde se encontra o fungo biotrófico, que necessita de tecido verde vivo para aumentar a quantidade da praga.

Mesmo com todas as pesquisas já encaminhadas, os resultados para uma possível solução à ferrugem não devem ser obtidos em curto prazo. “Estimamos que somente após cinco anos ou três safras conseguiremos alguns resultados”, finalizou Pulcinelli. Na safra 2002/03, o Mato Grosso colheu 13 milhões de toneladas da oleaginosa, e a previsão de quebra para a safra atual está situada entre 15% e 20%.

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