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Técnica que ganhou Nobel pode revolucionar agricultura

Edição genômica usada inicialmente contra doenças em humanos pode melhorar agricultura


Foto: Pixabay

O Prêmio Nobel de Química foi anunciado nesta quarta-feira (7) para duas pesquisadoras: a norte-americana Jennifer Doudna e a francesa Emmanuelle Charpentier. Elas foram responsáveis por desenvolver, em 2012, a técnica chamada CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), ou seja, Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas. Esta é a primeira vez que duas mulheres ganham juntas o prêmio.

A ferramenta possibilita a edição de parte do DNA, o código genético de seres vivos. A ciência consegue retirar parte do código e emendar ele sem danos ou ainda substituir a parte indesejada por outra. A edição pode alterar o DNA de animais, plantas e microrganismos com extrema precisão e é considerada essencial para o tratamento de doenças hereditárias, como o câncer. Ela “corrige” o defeito genético para resgatar o quadro clínico  do paciente.

O CRISPR é amplamente difundido no mundo e usado em laboratórios e pesquisas. Na USP, por exemplo, a técnica é aplicada para editar genes de porcos para desenvolver órgãos que possam ser transplantados em humanos sem que haja rejeição.

Além da saúde humana a técnica revolucionou a agricultura. Pesquisadores já conseguiram desenvolver plantas capazes de resistir a mofo, pragas e seca, porcos que não contraem viroses e amendoins antialérgicos. As plantas melhoradas, mais produtivas, nutritivas e resistentes também são parte da técnica.

A ferramenta inclusive é considerada o “futuro do agro”, atribuindo características específicas aos alimentos conforme necessidade de consumo, contribuindo para uma nova geração de plantas e animais mais saudáveis. Um artigo publicado na revista científica norte-americana PNAS considerou o CRISPR como um aliado da transgenia. 

Em 2018 pesquisadores conseguiram reduzir a resistência a lagartas no algodão Bt na China. Neste ano pesquisadores da República Tcheca produziram com sucesso galinhas resistentes ao vírus da leucose aviária e nos Estados Unidos foram desenvolvidas variedades de mandioca livres de cianeto. Em Portugal foi possível aumentar o tamanho dos tomates em até cem vezes. Na Argentina a batata que não oxida. No Brasil a Embrapa em parceria com empresa já pesquisa o segmento focado em sementes de soja tolerantes ao estresse hídrico e resistentes a nematoides. Recentemente uma universidade gaúcha também anunciou que depositou patente de plantas de arroz altamente resistentes a herbicidas da família das Imidazolinonas, estratégia que seria mais eficiente no combate ao arroz vermelho.
 

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