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Técnicos confirmaram presença da ferrugem da soja em Mato Grosso


Novas incidências ainda podem ser diagnosticados nas principais regiões produtoras do Estado.

A ferrugem na lavoura de soja está confirmada em Mato Grosso. A Fundação Mato Grosso divulgou ontem o surgimento da doença nos cultivares de Tapurah (a 414 quilômetros de Cuiabá, ao Norte do Estado). A safra 2002/03 de soja em Tapurah, ocupa 210 mil hectares, área duas vezes maior do que a de Lucas do Rio Verde, por exemplo. Os técnicos da Fundação e os agrônomos do município ainda não puderam avaliar a extensão dos fungos na região.

No município, segundo o superintendente da entidade, Dario Minoru Hiromoto, está sendo registrada uma das maiores incidências da ferrugem no Brasil, uma única folha da lavoura apresenta muitas pústulas da doença. Como o esporo do fungo é transportado facilmente pelo vento, acredita-se que regiões próximas a Tapurah, como Ipiranga do Norte e Itanhangá, tenham focos da ferrugem.

A doença causa perda prematura das folhas da soja prejudicando o rendimento das lavouras em até 40%, os primeiros sinais são percebidos, em geral, quando a doença já toma conta de partes da plantação. A principal característica é o amarelamento da folha.

A situação, por enquanto, não é considera desesperadora. Nesta região o foco encontrado está presente em plantas em estágio final de ciclo, o que significa que o comprometimento do grão é menor. “Esse comprometimento ocorre porque a folha cai e deixa de realizar a transferência de compostos carbônicos ao grão (fotossíntese), deixando-o desnutrido por falta de preenchimento, o que compromete a produtividade. Se a doença estivesse presente nos estágios iniciais de desenvolvimento da soja, os prejuízos poderiam chegar a 80% ou 90%”, explica o engenheiro agrônomo da Fundação Centro-Oeste, Fábio Oliveira.

Outro fator que poderá barrar a incidência da ferrugem é o tratamento preventivo com aplicações de fungicida que muitos agricultores haviam iniciado. Com uma semadura realizada durante período de seca e o desenvolvimento da planta em umidade, o surgimento da ferrugem era previsto, “ e por isso demorou para que a doença fosse diagnosticada”, completa Oliveira.

Mas o alerta para o diagnóstico da ferrugem permanece e deve ser feito de forma correta pelos produtores. “Temos nas lavouras mato-grossenses um fungo agressivo e de disseminação rápida. O estado de alerta deve ser para as plantas de variedade tardia que poderão apresentar maior índice de quebra na produtividade, pois estão em fase de enchimento do grão. Por isso as aplicações devem ser mantidas”, adverte o agrônomo e gerente da Boa Safra Planejamento Agrícola de Tapurah, Abílio Rafael Dutra.

O aumento dos custos de produção será proporcional a quantidade de aplicações que forem necessárias para tratar a ferrugem. Dutra contabiliza que para cada aplicação os custos devem ser onerados em 10% por hectare. “Este percentual leva em consideração os custos por hectare de lavouras de soja orçadas em média a R$ 550. Dessa forma, cada aplicação alcança valores em torno de R$ 55, por hectare cultivado”, observa.

O engenheiro agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa/Soja), José Tadashi Yorinori, as suspeitas de ferrugem em Sapezal (a 480 quilômetros de Cuiabá, ao Norte do Estado) e em Alto Taquari (a 509 quilômetros de Cuiabá, ao Sul do Estado) não foram confirmadas pelo pesquisador, que está visitando lavouras de vários municípios de Mato Grosso. “O que deve ficar claro entre a classe produtora, é que a única solução imediata para o frear a disseminação são as aplicações, que podem reduzir os impactos da doença, principalmente em soja mais tardias”, enfatiza.

RESISTÊNCIA - A ferrugem apareceu por primeira vez na China e chegou ao Brasil na safra passada, assustando produtores rurais. Nesta safra, ela já foi detectada por técnicos da Embrapa em lavouras em Itapeva (SP), Júlio de Castilho (RS) e Costa Rica (MS).

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