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Tecnologia de baixo custo aumenta produtividade do feijão caupi

Pesquisa indica tecnologia para aumentar produtividade de feijão-caupi em Roraima


Uma tecnologia de baixo custo pode aumentar a produtividade do feijão caupi em Roraima. Trata-se da fixação biológica de nitrogênio (FBN), que já vêm sendo aplicada nos últimos dois anos em experimentos de pesquisa da Embrapa Roraima, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Os resultados são satisfatórios, relata o pesquisador da Embrapa Roraima, Jerri Zilli, que atestou um aumento de mais de 30% no rendimento de grãos de feijão-caupi em áreas de cerrado (lavrado roraimense) com o uso da FBN.

A FBN é uma tecnologia bastante utilizada na cultura da soja e consiste em inocular, ou seja inserir nas sementes, bactérias do grupo rizóbio, capazes de fixar o nitrogênio da atmosfera fornecendo-os às plantas e com isso dispensando o uso de adubos nitrogenados.

A pesquisa da Embrapa está testando bactérias eficientes na fixação de nitrogênio em plantas de feijão-caupi, em várias regiões brasileiras, com objetivo de disponibilizar inoculantes que poderão ajudar o agricultor a aumentar produtividade.

O feijão caupi, de nome científico (Vigna unguiculata /(L. Walp) é tipicamente cultivado por agricultores familiares na região norte e nordeste do Brasil. Em Roraima é chamado de feijão regional. Nos experimentos de pesquisa em Roraima, o uso de um inoculante da Embrapa, o BR 3267, produto identificado no mercado como Semia 6462, resultou em produtividade 10% maior que a média dos plantios sem adubação nitrogenada. Com o inoculante, a produtividade média foi de 1.600 quilos de feijão por hectare, em área de cerrado (lavrado roraimense).

Inoculante

Geralmente, nos cultivos praticados no Estado o pequeno produtor não utiliza insumos, como o adubo nitrogenado, para o feijão, o que limita seu potencial produtivo. A média de produtividade de grãos em Roraima é em torno de 600 quilos por hectare, segundo dados do IBGE para o ano passado (2005).

Considerando essa média, os resultados experimentais da Embrapa Roraima utilizando inoculante proporcionaram aumento de rendimento de grãos na ordem de 260% , ou seja mais que o dobro do que se produz atualmente na agricultura familiar no Estado.

Outra fator favorável para o uso da FBN na agricultura familiar é o seu baixo custo. Se o produtor usar a adubação mineral nitrogenada, a base de uréia, o custo por hectare situa-se entre 150 e 200 reais. Ao passo que a inoculação com as bactérias tem um custo está em torno de 8 reais por hectare.

Impacto social

Essa economia no custo de produção tornou competitiva, por exemplo, a cultura da soja, pois o uso da FBN nesta cultura permite uma economia anual de três bilhões de dólares em fertilizantes nitrogenados. “Sem a inoculação, não há como esperar altos rendimentos com custos de produção competitivos, para a cultura do feijão caupi”, afirma o pesquisador da Embrapa Roraima, Jerri Zilli, doutor em microbiologia do solo.

Isso significa que se a tecnologia da FBN for colocada em prática pelos agricultores familiares, pode ter um impacto social significativo, pois representa aumento na produção com economia no investimento em adubos, garantindo mais alimento e renda para o produtor.

Conforme explica o pesquisador, o feijão-caupi, apesar de ser considerado uma cultura de subsistência, assume importância sócio-econômica no cenário da agricultura roraimense, por ser principal fonte de proteína de baixo custo para a alimentação humana. Comparado a outros feijões, o caupi tem alto teor nutritivo, com 20 % a 26% de proteína em sua composição, além de 51 a 141 mg de cálcio e 3 a 7,83 mg de ferro em cada 100 gramas de sementes.

Da pesquisa ao produtor

Essas bactérias do grupo rizóbio estão presentes no solo e são atraídas para as raízes das plantas leguminosas, onde formam nódulos nas raízes. O trabalho das pesquisas consiste em isolar estas bactérias, selecionar as mais eficientes e testá-las como inoculantes diversas vezes sob diferentes condições de plantio, em solos variados.

Os inoculantes são avaliados por pelo menos dois anos em experimentos de campo, para se confirmar se os resultados são eficientes e então solicitar liberação junto à Rede de Laboratórios para Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbiológicos de Interesse Agrícola (Relare), órgão que reúne representantes do Ministério da Agricultura, da pesquisa e da indústria nacional e internacional produtora de inoculantes, além da Fepagro, que é a instituição responsável pelas coleções e fornece oficialmente as estirpes das bactérias para a indústria. O inoculante BR 3267 (ou Semia 6462), testado em Roraima foi aprovado pela Relare no ano de 2004, podendo ser comercializado em todo o País.

Uma outra bactéria, a BR 3262, que foi isolada e está sendo testada pela Embrapa proporcionou um incremento ainda maior na produtividade, com 2.334 quilos de feijão caupi por hectare, no lavrado. Este inoculante ainda será submetido à Relare, para ficar disponível ao mercado.

As pesquisas com a fixação biológica de nitrogênio tendem a se ampliar em Roraima, principalmente com o suporte da central de laboratórios de monitoramento da biodiversidade, obra que está em construção na sede da Embrapa em Boa Vista, com previsão para ser concluída em meados de 2007.

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