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Tecnologia digital combate percevejo

A solução melhorou também a qualidade dos grãos de soja


Foto: Marcel Oliveira

Um experimento feito no norte do Paraná, em uma lavoura de soja Intacta, na safra 19/20, mostrou como as tecnologias digitais podem ser eficazes no manejo integrado de pragas. Foram utilizadas ferramentas de georreferenciamento e espacialização de dados para racionalizar a aplicação de inseticidas no controle de percevejos na cultura. 

As equipes de pesquisa das Embrapas Soja (PR), Meio Ambiente (SP) e Informática Agropecuária (SP), junto com a Cooperativa Cocamar, avaliaram que o uso dessas geotecnologias trouxeram redução de até 45% no uso de produtos químicos e melhoria na qualidade dos grãos.

Foram aplicados os conceitos de zonas de manejo, que mescla conhecimento digital com agronômico de forma a criar mapas de distribuição espacial de percevejos e orientar as máquinas de pulverização a fazer as aplicações apenas em áreas indicadas para os controles químico e biológico. Conhecer o comportamento de cada talhão dentro da propriedade e adotar estratégias específicas, que permitam o melhor uso da terra, está na lista de prioridades de quem quer produzir bem”, declara o pesquisador da Embrapa Samuel Roggia.

Como foi o experimento

Foram acompanhadas três situações: uma área foi manejada com o conceito de zonas de manejo e aplicação localizada (AP + MIP); outra observou o manejo integrado de pragas, mas considerando o controle em área total do talhão quando a população da praga atingia o nível de controle (MIP); e a terceira considerou a prática de manejo de percevejo tradicional da propriedade em área total. 

Por meio de um aplicativo que faz o georreferenciamento foram gerados mapas semanais da distribuição dos insetos e aplicadas diferentes estratégias de controle. Os dados migraram para um pulverizador que é utilizado apenas quando é atingido o nível de controle da praga de dois percevejos por pano de batida. 

A pesquisadora da Embrapa, Célia Grego, explica que a  geração do mapa parte do princípio que a distribuição dos percevejos na lavoura não ocorre ao acaso, mas segue uma distribuição dependente do espaço e da data de cada avaliação realizada em campo. “Para isso, os dados georreferenciados foram submetidos a cálculos matemáticos, gerando dados interpolados com melhor precisão para o mapeamento, o que direciona a tomada de decisão para o controle do percevejo no campo,” detalha.

Resultados mostraram economia

O principal resultado do experimento foi a economia de cerca de 45% na economia de inseticidas, gerando menos impacto econômico na safra e no meio ambiente. Comparando a soma das aplicações nas áreas monitoradas, o controle localizado (AP + MIP) reduziu o uso de inseticidas em torno de 17% em relação ao MIP aplicado em área total. Porém, comparando a aplicação localizada ao manejo tradicional, a redução do uso de inseticidas foi de 45%. A pesquisa mostrou um caminho para desenvolver ferramentas mais práticas para o agricultor ter como aliadas no monitoramento de pragas. 

Com a pulverização direcionada, algumas áreas passaram longo tempo sem receber inseticidas. “Nesses casos foi observada maior ocorrência de agentes de controle biológico, principalmente de predadores. Assim, a aplicação localizada permite proteger a lavoura do ataque de percevejos, aplicando inseticida onde ele é necessário e preservando os agentes de controle biológico nos locais que não precisam receber inseticidas”, pondera Roggia.
 
Potencial para controle biológico

Os pesquisadores comemoraram os resultados animadores e que o uso da tecnologia de aplicação pode ser ampliado e usado de forma mais eficiente pelo produtor. O estudo também abre espaço para o controle biológico.

Com o direcionamento dos mapas para aplicar somente onde é necessário o agricultor há redução de custos, podendo fazer uso de parasitoides naturais somente em regiões onde houver manchas de ocorrência das pragas. 

O projeto de pesquisa está avançando em várias frentes visando inovar em métodos de amostragem de pragas. Está prevista em uma próxima etapa a automatização total do processo de coleta, geração de mapas e entrega na “nuvem de dados on-line” para consumo por máquinas no campo. “Em um futuro próximo, um dos focos é o desenvolvimento de sensores automatizados, conectados e que facilitem o monitoramento das pragas. O diagnóstico precisa ser cada vez mais rápido e preciso. As soluções fáceis já apareceram, mas temos muitos desafios”, revela Elizeu Vicente dos Santos, gerente de agricultura de precisão da Cocamar Máquinas. 

*Com informações da Embrapa
 

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