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Tecnologia promete zero daninhas em cana

Uso de inteligência artificial permitirá o mapeamento aéreo e o combate sem desperdício de produto


Foto: Arquivo

A cana-de-açúcar é uma das culturas mais importantes do país. Só nesta safra são estimadas 642,1 milhões de toneladas, plantadas em 8,4 milhões de hectares. A cultura também é uma das mais suscetíveis a pragas, plantas daninhas e doenças. Só no primeiro semestre, foram investidos mais de US$ 785 milhões em fungicidas, herbicidas e inseticidas nas lavouras do país. Entre os problemas que mais preocupam a cultura estão corda-de-viola, mamona, mucuna, colonião, braquiária e ferrugem alaranjada da cana. No total, foram tratados 41 milhões de hectares de cana. 

Além isso os custos de aplicação também impactam. A aplicação de herbicidas na cana-planta representa de 3 a 4% do custo da operação de plantio.  A redução produtiva por infestação de daninhas pode ser de 50%. Já uma área bastante afetada com 10 a 12 plantas daninhas por metro quadrado, por exemplo, pode ter perdas que chegam a 85%. O rendimento operacional da colheita mecanizada também cai em cerca de 20%

Um projeto chamado FlyUP, desenvolvido pela UPL, promete acabar com as daninhas na cana e ainda gerar economia de aplicação. A inovação usa inteligência artificial para monitoramento da área. São três aeronaves da empresa israelense Taranis que capturam imagens com resolução de 0,3 mm/pixel de campos ao nível das folhas. A capacidade é de monitorar 5 mil hectares por dia a 200 km/h.  

Depois do sobrevôo as informações de alta precisão são cruzadas de forma a identificar a ameaça, espécie e volume de infestação na lavoura. Podem ser diagnosticados os primeiros sinais do surgimento de plantas daninhas, doenças fúngicas e até deficiências nutricionais, como problemas no plantio e rebrota. “A tecnologia chega para revolucionar a forma de recomendação e avaliação da eficácia de herbicidas nos canaviais. Os dados são fáceis de serem interpretados e esperamos que o produtor tenha mais uma ferramenta que permita o manejo assertivo a seu favor, de forma a ser mais eficiente”, destaca Pedro Christoffoleti, professor e pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).

No monitoramento tradicional são captados 6 pontos em uma hora. A nova tecnologia permite registrar 100 pontos em 6 minutos. Com o tratamento mais assertivo, só onde precisa, há uma redução no gasto com herbicidas. O projeto é uma evolução de mapeamento de cultivos, iniciados com a cana em 2012, a partir do uso de helicópteros. “Tudo foi pensado de forma a gerar uma tomada de decisão rápida, melhorar a eficiência produtiva e racionalizar o uso dos defensivos” explica o gerente para cana da UPL Brasil, Carlos Peres.

Aliado da pastagem

Além da cana-de-açúcar o FlyUP também poderá ser usado no monitoramento de pastagem com foco em maior produtividade do rebanho. A tecnologia poderá identificar, além das daninhas, insetos que se escondem na pastagem e causam danos ao gado.

A ideia é que seja utilizado em pastagens na proximidade do início do período das águas, no último trimestre do ano. Os defensivos para pastagem representaram investimentos de US$ 60 milhões dos pecuaristas. Foram tratados 13,6 milhões de hectares, sendo que há no país cerca de 170 milhões hectares de pastagens.

Juntas, cana e pastagem representam perto de 20% dos negócios da UPL no Brasil. Em 2019, o faturamento total da empresa foi de R$ 7 bilhões. "O projeto é uma inovação tão precisa que tem capacidade de chegar até o nível do solo. Queremos garantir que a cana, terceira cultura mais importante do país, e a pecuária, mais importante cultura animal do Brasil, alcancem índices ainda mais altos de produtividade e de qualidade, contribuindo para a sustentabilidade”, explica o presidente da empresa no Brasil, Fabio Torretta. 
 

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