Temperatura noturna mais alta impacta na cor da maçã catarinense
Noites quentes estão fazendo com que as maçãs não apresentem cor vermelha intensa
As noites quentes registradas em janeiro em Santa Catarina estão fazendo com que a maçã produzida em São Joaquim não apresente uma cor vermelha tão intensa. Essa característica da fruta não altera o sabor, mas o preço sim, já que a maçã é classificada por categoria: quanto mais cor, maior a categoria e maior o valor pago ao produtor. A estiagem na região e também o baixo acúmulo de frio durante o inverno impactaram no tamanho da fruta, o que também pode prejudicar o preço do produto.
A pesquisadora da Estação Experimental da Epagri em São Joaquim, engenheira-agrônoma Mariuccia Schlichting de Martin, explica que nos últimos dias a temperatura noturna está mais baixa e isso está ajudando a maçã a ganhar mais cor, porém as noites quentes que ocorreram durante o mês de janeiro atrasaram o ganho de cor aos frutos. “O ideal para a maçã ficar mais vermelha é que ocorra maior amplitude térmica, com a temperatura noturna mais baixa e maior radiação durante o dia”, diz Mariuccia. De seis a quatro semanas antes de ser colhida, a maçã começa a sintetizar uma substância chamada de antocianina, que é um pigmento vegetal, responsável pela coloração vermelha dos frutos.
A expectativa é que a safra brasileira seja em torno de 1,1 milhão de tonelada, uma quantidade um pouco maior do que a do ano passado, porém permanece na média histórica esperada. “A produção total não foi impactada, mas o tamanho da fruta será”, diz a pesquisadora. No Brasil, 90% da produção de maçãs vermelhas se restringem às variedades Gala e Fuji.
Segundo Mariuccia, algumas práticas no manejo do pomar podem ajudar a recuperar a cor e o tamanho das maçãs. Uma delas é irrigação, que ajuda a combater os efeitos da estiagem. Também há alternativas como reguladores de crescimento, que quebram a dormência da maçã, induzindo a brotação. “Com a aplicação de reguladores, a colheita pode atrasar em duas semanas, fazendo com que a maçã cresça mais”, diz a pesquisadora. Essas alternativas aumentam o custo de produção, mas o fruticultor acaba recebendo um valor maior na comercialização da fruta.