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Torrefações deixam de investir no Brasil

Atrair capital estrangeiro para ser aplicado no setor produtivo tem sido uma das principais metas do Brasil


Atrair capital estrangeiro para ser aplicado no setor produtivo tem sido uma das principais metas dos dois últimos governos do Brasil. Enquanto os dirigentes da política financeira se esforçam para identificar e convencer novos investidores a aplicar recursos no País, algumas políticas ultrapassadas têm feito com que indústrias nacionais deixem de investir no Brasil para aplicar seus recursos e gerar empregos no exterior.

Sem ter acesso a outras origens de café, a Companhia Iguaçu de Café Solúvel inaugura no segundo semestre de 2006 sua nova fábrica de café solúvel, na Espanha. Em parceria com a Seda Solubles estão sendo investidos 15 milhões de euros na construção da unidade, que irá produzir 3,6 mil toneladas de café solúvel por ano. "Com a fábrica na Espanha teremos acesso a outras variedades de café, o que é fundamental em momentos como esse em que a matéria-prima está escassa no mundo e poderemos alterar o blend de nosso produto para atender os paladares do mercado europeu. Além disso, construir a fábrica no Brasil ficaria mais caro", afirma Rodolpho Seigo Takahashi, vice-presidente da empresa, ao lembrar da dificuldade de se importar café no Brasil.

Custo Brasil

Pelos cálculos do executivo, construir uma unidade no Brasil nos mesmos padrões que estão sendo aplicados à fábrica européia sairia 50% mais caro para a empresa. "Os equipamentos são importados e o juros que existem no Brasil afastam qualquer tipo de possibilidade de se investir aqui", explica Takahashi.

Com a presença da produção da Europa, o Café Iguaçu pretende reforçar a relação que tem com os clientes já existentes, principalmente nas parcerias de produção de marcas próprias com grandes redes varejistas, em especial, da Alemanha. "Precisamos estar cada vez mais próximos de nossos clientes para atender os prazos que estão cada vez mais curtos. Só de viagem, um navio sai do porto de Santos e chega na Europa depois de 20 dias de viagem. Conseguimos mais competitividade estando mais próximo do ponto de venda", diz Takahashi.

A decisão de construir uma nova fábrica veio da necessidade que a empresa identificou em atender o aumento da demanda de café solúvel no mundo. No Brasil, a empresa pretende produzir 16 mil toneladas de café solúvel este ano, sendo que 78% do que é fabricado será destinado para exportação. "A empresa foi criada para exportar e pretendemos continuar fazendo isso. Já existem planos de se ampliar a capacidade de produção de nossa unidade em Cornélio Procópio (PR) para 18 mil toneladas nos próximos anos", revela Takahashi, sem dizer o tamanho do investimento que será feito.

Apesar de a construção da fábrica da unidade espanhola ser o projeto externo mais recente, o Café Iguaçu já atua no cenário internacional desde a década de 90. Há três anos, a empresa decidiu construir uma torrefação própria na Romênia, onde processa o café importado do Brasil, com objetivo de atender o mercado russo. "Apesar da fábrica ser recente, estamos no leste europeu há mais de dez anos", diz Takahashi.

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