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Trangênicos resistentes à seca


As projeções da Embrapa e da Unicamp sobre o aquecimento global contrastam o cenário positivo vivido pelo agronegócio brasileiro. A safra de grãos de 2007 foi recorde: 133,3 milhões de toneladas. E a previsão para este ano é ainda maior: 143,3 milhões de toneladas. O setor movimenta R$ 611,8 bilhões, cerca de um quarto da economia brasileira.

A elevação da temperatura média global, porém, pode prejudicar profundamente o cenário nas próximas décadas se nada for feito para adaptar a produção às novas condições climáticas. ""O País está em risco? Sim. Tudo está perdido? Não"", diz o pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa. Com investimento, e bem direcionado, em ciência e tecnologia é possível evitar impactos mais severos no campo.

Uma das estratégias propostas é o desenvolvimento de plantas transgênicas, resistentes a condições de seca e temperatura elevada. Para isso, pesquisadores da Embrapa Cerrados buscam isolar genes de plantas silvestres naturalmente resistentes, como pau-terra-da-folha-grande e sucupira-preta, que possam ser transferidos para espécies como feijão, milho e soja. ""A biodiversidade é a salvação da lavoura"", afirma Saad.

Mais uma razão, dizem os cientistas, para encerrar o quanto antes a ocupação predatória do cerrado, da caatinga e da Amazônia. O agronegócio é um dos principais vetores do desmatamento, que é a principal fonte de gases do efeito estufa no País. ""De uma das vilãs do aquecimento global, a agricultura pode passar à condição de vítima"", alerta o estudo.

Além de se preparar para mudanças inevitáveis, dizem os pesquisadores, é preciso reduzir as emissões de gases-estufa para evitar que o aquecimento assuma proporções incontroláveis. Segundo Assad, é preciso manter a alta da temperatura abaixo de 2 C. ""A partir daí é irreversível.""

O estudo é baseado em dois cenários climáticos desenvolvidos por pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe. Um é pessimista: prevê alta de 2 C a 5,4 C. O outro é ""otimista"": prevê alta de 1,4 C a 3,8 C - o que já trará mudanças climáticas significativas. ""Um certo nível de adaptação será inevitável"", diz o especialista José Marengo, do CPTEC. Mesmo em lugares onde o regime de chuvas permanecer constante o aquecimento reduzirá a disponibilidade hídrica. (H.E./A.E.)

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