Tratores mudam agro da África para o bem e para o mal

A mecanização agrícola está aumentando na África, substituindo as enxadas e a tração animal em todo o continente. Embora cerca de  80-90%  de todos os agricultores ainda dependam de trabalho manual ou de animais de tração, isso está mudando, devido à queda nos preços das máquinas e ao aumento dos salários rurais. 

Um olhar sobre a  história dos países mecanizados de hoje  mostra que uma substituição generalizada do trabalho manual pela energia mecânica pode ter importantes implicações socioeconômicas e ambientais, afirmou o pesquisador Thomas Daum. “Em nosso  último estudo  , exploramos como a mecanização pode mudar a face da agricultura e das áreas rurais africanas. É importante garantir que a mecanização possa ser acompanhada por políticas que aproveitem seu potencial e minimizem os potenciais efeitos negativos”, comentou. 

“Para compreender os efeitos da mecanização, coletamos dados em 87 aldeias no Benin, Nigéria, Mali e Quênia. Essas cidades foram escolhidas como exemplos porque já passaram pela mecanização. Conduzimos 129 discussões de grupos focais com 1.330 residentes rurais. Eles identificaram várias maneiras pelas quais a mecanização afetou a agricultura, a vida rural e a natureza”, completou. 

O conhecimento dos 87 povos revelou o grande poder transformador da mecanização agrícola. A mecanização pode reduzir a carga de trabalho, aumentar a prosperidade e melhorar as dietas. Mas também existem desafios como erosão do solo, desmatamento e acesso das mulheres aos serviços de tratores. 

“A identificação desses desafios oferece uma oportunidade de evitar que surjam por meio da pesquisa agrícola e de ações políticas apropriadas”, conclui.