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Trigo: Cota dos EUA não muda quase nada

Moinhos de Santos para cima estão abastecidos, e preços serão equivalentes. No Sul, Argentina segue melhor


Na opinião da T&F Consultoria Agroeconômica, não muda muita coisa a decisão brasileira de liberar cota de 750 mil toneladas para importação de trigo sem Tarifa Externa Comum (TEC) para países de fora do Mercosul (leia-se Estados Unidos). “Toda essa situação pode ser comparada a molhar a grama em um dia de chuva, não faz muito sentido, mas também não faz muita diferença para o jardim”. 

De acordo com Luiz Fernando Pacheco, por um lado os moinhos do Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil (de Santos para cima), que trabalham com quase 98% do trigo argentino, têm estoques de 30 a 45 dias, como sempre. “Estes devem ser os que mais se beneficiam da medida, porque o frete americano é menor (algo como US$ 18 por tonelada, contra US$ 23/t dos portos argentinos)”, explica.

“Por outro lado, os moinhos do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), para as quais o trigo argentino era apenas um complemento no final do ano, compraram muito dessa origem até agora. Isso ocorreu devido a problemas de qualidade na colheita nacional. Estão abastecidos por 40-50 dias”, justifica Pacheco.

Segundo ele, os cálculos dos preços do trigo argentino e do trigo norte-americano CIF Santos indicam que, de Santos a Fortaleza e Belém, os dois preços são equivalentes, permanecendo a decisão para o comprador. “Para o Sul (Paranaguá e Rio Grande) o preço do trigo argentino é e continuará sendo mais competitivo e também será necessário continuar importando até o início da safra 2019/20, em agosto, no estado do Paraná (que produz trigo semiduro, contra o trigo do RS, que é macio)”, complementa.

“Provavelmente compraremos entre 2,2 e 2,5 MT de trigo argentino ainda neste ano comercial. Mesmo que o governo libere as taxas para uma determinada quantidade, isso não é a certeza de negócios fechados. Lembram do exemplo do trigo russo? Muito alarde para um único pequeno navio importado em 2018. Quem fecha contrato é a iniciativa privada, não o governo. Claro, temos que observar de perto todos os passos dessa negociação, que ainda não está 100% definida e esclarecida. Em princípio são 750 mil toneladas liberadas de TEC por ano, para origens fora o Mercosul (já isento). Uma mudança nesse volume alteraria totalmente esse cenário”, conclui.

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