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Trigo importado deve continuar taxado

O Ministério da Agricultura voltou atrás e diz não reduzir a Tarifa Externa Comum (TEC)


O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, voltou atrás e diz não haver necessidade de reduzir ou isentar a Tarifa Externa Comum (TEC), nos atuais 10%, para a importação de trigo de terceiros países, como Estados Unidos e Canadá. Isso porque a depreciação do dólar ante o real já permite importar o cereal a preços mais favoráveis - conforme disse a este jornal o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do ministério, Célio Porto. Ou seja, os moinhos brasileiros já estão sendo beneficiados pela a política cambial.

Tal discussão decorre da produção do trigo da Argentina, principal fornecedor do Brasil, insuficiente para garantir o abastecimento interno, uma vez que o País tem déficit de produção em relação ao consumo.

A estimativa da indústria era a de que o plano fosse levado para ser discutido na reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), em 1 de agosto, para que a medida vigorasse no segundo semestre. Mas, segundo o ministério, o pleito não está na pauta da reunião. Procurada, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) não se pronunciou até o fechamento deste jornal.

A decisão do ministério representa uma vitória aos triticultores que travaram uma queda-de-braço com as processadoras de trigo. Contrários à alteração do imposto de importação, os produtores alegam que o trigo importado pode tirar a competitividade do grão nacional. "Não se pode reduzir a TEC porque os triticultores de outros países têm um custo de produção mais baixo do que os nossos que são onerados pelos preços dos insumos’’, disse o presidente do Sindicato Rural Patronal de Toledo (PR), Nelson Paludo. "O governo deve estar consciente da diferença entre o nosso custo de produção e dos demais países".

O secretário do ministério disse ainda que a safra nacional do cereal deve começar a ser colhida entre agosto e setembro e a alteração da TEC poderia gerar uma superoferta, provocando queda dos preços. Isso poderia fazer com que o governo tivesse de intervir no mercado para sustentar os preços pagos aos triticultores. Porto acrescenta que em nenhum momento o pleito das indústrias cita a possibilidade de repassar ao consumidor a provável redução do preço do trigo importado de terceiros países.

Há dois meses, o secretário tinha informado que o ministério pretendia estudar a proposta de reduzir a TEC pelo menos para os estados do Norte e Nordeste porque as empresas daquelas regiões não compram o trigo em grão do Brasil.

Para o analista da Safra & Mercado, Élcio Bento, se tivesse de isentar a TEC isso teria que ser provisório e em plena entressafra. "A eliminação da TEC pode consolidar o Brasil como um importador de trigo", alerta Bento. Ele acrescenta que alterar a TEC quando o preço está favorável poderia desestimular a produção interna. "O preço externo está excelente, mas quando convertido em reais fica barato", disse o presidente do sindicato.

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