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Trigo pode ter redução de área no Rio Grande do Sul


Os triticultores gaúchos atravessam uma das piores crises das duas últimas décadas. O achatamento do preço, a concorrência desleal do Mercosul e o aumento nos custos de produção desestimulam produtores. O setor está prevendo redução de área neste ano. O plantio inicia-se em abril. Na última safra, foram cultivados 1,08 milhão de hectares, com produção de 2,07 milhões de toneladas. "A previsão é de que haja uma drástica redução na área plantada, com agricultores abandonando a cultura. Mas ainda é muito cedo para apresentarmos um percentual", declarou o diretor-financeiro da Fetag, Amauri Miotto. Ele informou que o preço da saca, entre R$ 17 e R$ 20, é muito aquém dos custos produtivos de R$ 29,00 por saca. Miotto ainda destaca o fato de os moinhos darem preferência ao trigo argentino. "É preciso reorganizar a produção nacional."

O diretor também apontou que a burocracia inibe a negociação do produto. "É preciso simplificar a compra, pois hoje são necessárias sete declarações para vender o grão para a Conab", aconselha. O economista Tarcísio Minetto acredita que a definição da área depende ainda do comportamento da safra de verão. Segundo ele, entidades ligadas ao setor já negociam a composição de um preço mínimo junto ao governo federal. Para o presidente da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, o governo federal deve prorrogar por um ano, e não por 30 dias, o pagamento do custeio e investimento, sem acúmulo de prestações. "Com esse preço vil, fica difícil cumprir compromissos." A manutenção do quadro, a valia, fará os produtores buscarem alternativas de plantios mais rentáveis.

Segundo Rodrigues, 50% do trigo colhido na última safra ainda não foi vendido. O deputado Heitor Schuch (PSB), relator da Subcomissão do Trigo da Assembléia Legislativa, diz que a decisão do governo paulista de reduzir a alíquota de ICMS de 7% para zero sobre a farinha de trigo e derivados deve prejudicar ainda mais a triticultura gaúcha. O governador Germano Rigotto garantiu que o Estado fará um estudo do impacto da medida sobre a cadeia produtiva gaúcha e não descarta, caso necessário, adotar a mesma estratégia.

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