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Trigo volta a ser bom negócio no inverno

No Rio Grande do Sul, onde a gravidade da estiagem foi mais acentuada, não se fala mais em redução da área de trigo


Em janeiro, a idéia de se plantar trigo este ano era encarada pela maioria dos produtores como um péssimo investimento, com rentabilidade praticamente nula, mas necessário, já que com a terra descoberta os prejuízos seriam ainda maiores. Três meses depois, o cenário começa a mudar. O cultivo de trigo nos estados do Sul do País será praticamente obrigatório, uma vez que a seca que atingiu a região impossibilitou o cultivo da safrinha de milho durante o inverno.

No Rio Grande do Sul, onde a gravidade da estiagem foi mais acentuada, não se fala mais em redução da área de trigo, segundo Aldo Lobo, analista da consultoria Safras&Mercado. A expectativa era de que a área cultivada fosse de 1,05 milhão de hectares, mas depois da seca a área deve ser a mesma do ano passado, que foi de 1,08 milhão de hectares. "Os produtores gaúchos ficaram muito descapitalizados por conta da quebra da safra de soja e milho. Por mais que os preços do trigo não estejam tão remuneradores como em anos anteriores, esta será uma receita bem-vinda", explica o consultor.

Já no Paraná, a redução de 20% na área plantada prevista para esta safra pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) talvez não seja tão grande. "Ainda não temos uma nova estimativa, mas os produtores não conseguiram plantar a safrinha e migrarão para o trigo", afirma Robson Mafioletti, assessor econômico da Ocepar. A estimativa da Safras&Mercado era de uma área de 1,20 milhão de hectares antes da seca, que foi revista para algo entre 1,25 milhão e 1,27 milhão de hectares.

Previsão otimista

Um pouco mais otimista, o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), órgão ligado à secretaria de Agricultura do estado, ainda mantém a redução de 12% da área plantada. A estimativa da entidade é que sejam semeados 1,18 milhão de hectares no Paraná. "Apesar de ainda mantermos nossa estimativa, é possível que ela seja reduzida. Não podemos descartar, no entanto, que a redução da área seja ainda maior, porque os preços do trigo não estão tão remuneradores ao produtor", afirma Otmar Hubner, analista do Deral.

Dados da entidade mostram que, de fato, os preços do trigo no estado estão, em média, abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo, de R$ 400 a tonelada. Ontem, o valor médio da tonelada de trigo negociada no Paraná foi de R$ 369,67. Apesar de representar uma queda de 8,7% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando o produto era negociado a R$ 405,17, a cotação atual é a maior desde outubro de 2004.

O valor médio registrado no Paraná, no entanto, é inferior ao de algumas regiões onde o grão apresenta uma qualidade diferenciada. "No norte do estado as cotações estão variando entre R$ 450 e R$ 460 por tonelada. Nesses níveis, já passa a ser interessante para o produtor voltar a pensar em plantar", afirma Lobo, da Safras&Mercado.

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