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Trio da soja conquista 50% do mercado

Brasil, Argentina e Paraguai avançam no mercado internacional


Com uma produção à beira dos 130 milhões de toneladas de soja, os três maiores produtores agrícolas da América do Sul – Brasil, Argentina e Paraguai – estão dando um passo à frente nas exportações. Na temporada 2010/11, as vendas do trio sul-americano representam metade de todo o volume comercializado no mercado internacional. Estão sendo remetidos ao exterior 49,8 milhões de toneladas, quase o dobro do número de 2000/01 (25,1 milhões de t).


Embora coloquem a América do Sul no topo do ranking das regiões exportadoras, os números ainda são insuficientes para retirar dos Estados Unidos a maior influência no mercado das commodities agrícolas. Sozinho, o país está exportando 43 milhões de toneladas de soja em 2010/11. Porém, o quadro vem mudando a cada safra. Dez anos atrás, os produtores norte-americanos exportaram 2 milhões de toneladas de soja a mais que Brasil, Argentina e Paraguai juntos. Agora, estão vendendo 6,7 milhões de toneladas a menos.

“Os norte-americanos são os maiores exportadores de soja do mundo. Por isso devem continuar formando preços”, lembra Steve Cachia, analista de commodities da Cerealpar, de Curitiba.

Por outro lado, ao mostrar capacidade em atender a crescente demanda internacional, a América do Sul tem chamado cada vez mais a atenção do mundo, considera.

As exportações da Amércia do Sul crescem mais que a média no mercado internacional. Em dez anos, a diferença foi de 83% (mundo) para 98% (trio sul-americano), conforme análise da Expedição Safra Gazeta do Povo com base em números do Departamento de Agri-cultura dos Estados Unidos (USDA).

O consultor de gerenciamento de risco da FC Stone, Glauco Monte, explica que esse comportamento está associado ao potencial de expansão agrícola do continente e tem favorecido principalmente o Brasil. “Os Estados Unidos não têm mais como crescer em produção. Com a demanda extremamente aquecida, especialmente pela China, e os eventuais problemas de safra na Argentina, o Brasil é o país que melhor atende o consumo”, avalia.

No último ano, por exemplo, as exportações brasileiras de soja subiram 4,2 milhões de toneladas – de 28,6 milhões de toneladas para 32,8 milhões de toneladas. Já as vendas argentinas do grão recuaram 2 milhões de toneladas no mesmo período.

A tendência é que as notícias sobre o andamento da safra na América do Sul sejam cada vez mais procuradas pelos investidores de todo o mundo, dizem os analistas. O consultor da FC Stone cita um caso recente para comparar a influência do continente sobre os preços na Bolsa de Chicago. De acordo com Monte, a confirmação de uma boa safra nos três países que integram o Cone Sul impediu que os contratos mais próximos da oleaginosa, como o março/11 e maio/11, se valorizassem tanto quanto os vencimentos mais distantes, como o novembro/11, que é referente à safra norte-americana.


“Do meio de março até agora, a valorização do contrato maio foi de 8%, saindo de US$ 12,87/bushel para US$ 13,92/bu. Já o contrato novembro subiu 10% no mesmo período, de US$ 12,40/bu para US$ 13,74/bu”, conta. Ele observa ainda que quando a produção de grãos é positiva na Argentina e no Brasil, as vendas externas dos Estados Unidos perdem ritmo, como é o caso deste ano.

O analista da Cerealpar lembra que os compradores atuais buscam garantir o abastecimento em épocas de entressafra norte-americana, o que acaba favorecendo Brasil e Argentina. “Além da China, o mercado espera que a Índia comece a aparecer mais em busca de alimentos. As perspectivas são boas”, projeta Cachia, que acredita em aumento de produtividade no Brasil, acompanhando a expansão da área plantada.

Com a colheita argentina e brasileira na reta final, o mercado se volta agora ao andamento da safra norte-americana. “O mercado considera garantida a safra na América do Sul. O Brasil confirmou produção acima dos 70 milhões de toneladas de soja e a Argentina afastou todo o riso de grande quebra anunciado no início da temporada”, analisa Monte.

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