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Triticultores pedem socorro ao governo

Dificuldade nas vendas desestimula os agricultores


Com agências - A falta de mercado para o trigo está tirando o sono dos produtores brasileiros. Apesar do aumento da produção e da melhora significativa da qualidade do grão, até a metade do mês apenas 35% da safra nacional havia sido comercializada, volume abaixo do esperado pelo setor produtivo. A dificuldade nas vendas desestimula os agricultores e contraria a ideia de que o Brasil precisa buscar a autossuficiência na produção do cereal.

As importações, que deveriam ser uma ação para complementar a oferta do produto no mercado interno, se transformaram numa grande dor de cabeça para quem planta trigo no Brasil, pois as indústrias nacionais têm privilegiado a compra do cereal no mercado externo. Entre janeiro e novembro de 2010, 5,8 milhões de toneladas de trigo entraram no país. A preferência pelo grão importado ficou ainda mais evidente entre agosto e novembro, em pleno pico de safra. Nestes meses, as importações aumentaram 29% em comparação a igual período de 2009. Em setembro, a diferença chegou 48%.

O país consome anualmente praticamente o dobro do que produz e, para suprir a demanda, recorre a países como Argentina, Uruguai, Paraguai, Estados Unidos e Canadá. Os estados do Sul são responsáveis por 90% oferta nacional. Maior produtor, o Paraná diminuiu em 11% a área plantada de trigo em 2010 e colheu 3,37 milhões de toneladas, quase 60% das 5,7 milhões de toneladas da safra nacional.

Segundo o superintendente estadual da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Lafayete Jacomel, a tendência para a próxima safra é de nova redução de área. “Ainda estamos trabalhando com estimativas, mas a tendência é que o porcentual de redução na área de plantio varie de 10% a 15%”, calcula. Segundo Jacomel, o triticultor deve migrar para o milho safrinha, em função dos melhores preços pagos e melhor liquidez.

Desde setembro, os preços pagos ao produtor pelo trigo melhorador é de R$ 24,80, valor abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo que é de R$ 28,62 por saca. Preocupado com o desestímulo que o ritmo lento da comercialização impõe aos triticultores, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, afirma que somente uma intervenção do governo pode solucionar o problema.

As indústrias afirmam que preferem o trigo importado pela facilidade de crédito para comprar o produto no mercado externo em uma época em que o câmbio está favorável às importações. Citam também a baixa qualidade do trigo nacional para justificar a opção. Mas um levantamento feito pela gerência técnica e econômica da Ocepar derruba o argumento. O estudo analisou amostras dos lotes de trigo paranaense vendidos nos últimos leilões de PEP e constatou que todas elas apresentaram um valor médio de Força de Glúten (W) de 273 e de Falling Number (FN) de 319, o que caracteriza trigo de excelente qualidade.

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