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Úberes cheios, bolsos vazios

Excesso de leite no mercado, que é agravado pelas importações, prejudica produtores paranaenses


Produtores de leite paranaenses continuam a enfrentar os efeitos da crise, recebendo valores que não remuneram adequadamente a produção. Embora tenha havido uma leve reação no preço definido pelo Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite-PR), que serve como balizador do mercado, a situação dos produtores é agravada pelas dificuldades provocadas pela seca do último verão.

Na última reunião, o conselho definiu o valor de R$ 0,71 para o litro de leite tipo padrão no mês de junho e o mesmo valor para o período seguinte. Segundo o site do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, na última semana os valores praticados estavam no mesmo patamar dos estabelecidos pelo Conseleite.

A conjuntura internacional desfavorável - em que a venda externa foi substituída pela importação de leite em pó - é agravada pelo aumento nos custos de produção, principalmente da alimentação animal. "Normalmente os produtores no verão fazem silagem para alimentar o gado no inverno. Mas a seca não permitiu e agora os animais vêm sendo alimentados com ração", diz Maria Silvia Cavichia Digiovani, assessora técnica da comissão técnica do leite da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), uma das entidades que compõem o Conseleite.

De acordo com a assessora, atualmente os produtores sofrem com a entrada de produto externo, que prejudica a competitividade do produto brasileiro. A assessora explica que apesar da grande oferta de leite no Brasil empresas estão comprando no exterior. Ela cita o exemplo de uma empresa capixaba que importou grande volume de leite em pó, conseguiu oferecer produto a preço mais baixo e ganhou várias licitações. A situação é inversa àquela vivida há dois anos, quando as exportações bateram o recorde.

Maria Silvia afirma que a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa) têm feito acordos para evitar que as importações interfiram de forma predatória. Segundo ela, até agora os licenciamentos para a compra externa eram automáticos. Hoje, o acordo feito com a Argentina estabelece uma paridade com os preços pagos pelos países da Oceania, cerca de US$ 1,8 mil a tonelada. Este patamar está sendo negociado também com o Uruguai.

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