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UE fará proposta de abertura do comércio agrícola


O comissário para Agricultura e Desenvolvimento Rural da União Européia (UE), o austríaco Franz Fischler, apresentará hoje (27-04), em Brasília, uma proposta que prevê maior abertura dos mercados agrícolas europeus para o Mercosul. Segundo ele, a UE está disposta a aumentar as cotas de importação de alguns produtos agropecuários, acrescentar novos itens na pauta de importações e até mesmo a liberar a comercialização de certos produtos. "Esperamos o sinal verde dos países do Mercosul em três áreas: compras governamentais, serviços e política industrial", disse Fishler ontem, durante a 11 Agrishow - Feira de Tecnologia Agrícola em Ação, que ocorre até sábado, em Ribeirão Preto (SP).

Fishler não quis entrar em detalhes quanto à proposta agrícola da União Européia para o Mercosul. "Será uma surpresa para amanhã (hoje), em Brasília", disse. Fishler também não confirmou em reunião que teve com Rodrigues a informação que correu na feira de que a UE compraria 1 bilhão de litros de álcool por ano do Brasil.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, acha que as propostas apresentadas até agora pela UE "são insuficientes para atender as demandas brasileiras". Mas Rodrigues afirmou que Fischler tem uma "visão progressista" do comércio internacional e que isto abre condições amplas de negociação. "Se não avançarmos nas negociações internacionais, de nada adianta aumentar a produção do agronegócio, pois sempre teremos o risco da crise da abundância."

Para Rodrigues, o Brasil vive um momento fundamental para o comércio internacional agrícola. "Esta semana será crucial para dirimirmos as dúvidas e chegarmos a Bruxelas, na semana que vem, numa condição mais realista de negociação", disse o ministro, referindo-se à reunião que ocorrerá de 3 a 7 de maio na capital da Bélgica, onde as propostas de Mercosul e UE serão apresentadas oficialmente.

Rodrigues acredita que as negociações tragam resultados positivos para o Brasil. "Este é o último ano do mandato dos membros da Comissão Européia e espero sinceramente que eles vão querer deixar uma herança nas relações bilaterais", disse.

Segundo Rodrigues, há três grandes pilares da negociação agrícola internacional: os subsídios às exportações, o apoio interno à produção e o acesso a mercados. O ministro espera que a UE pelo menos elimine os subsídios às exportações de produtos agrícolas. "Se avançarmos agora com a União Européia, haverá reflexos positivos nas negociações com a Alca e Organização Mundial do Comércio", disse Rodrigues.

Outro fator que leva Rodrigues a acreditar numa proposta mais realista da UE é o aumento da União Européia a partir da próxima semana, quando começarão a entrar no bloco europeu mais dez países do leste do continente, como a República Checa e a Polônia. "A União Européia de hoje tem 6 milhões de produtores rurais e entrarão mais 10 milhões. O mesmo bolo de subsídios terá de ser dividido não entre 6 milhões, mas entre 16 milhões de produtores rurais", afirmou. Naturalmente, deverá ocorrer mudança na política de comércio internacional da União Européia.

A abertura da Agrishow teve um número de recorde de autoridades. Além de dezenas de prefeitos, políticos e lideranças empresariais, compareçam no evento representantes de vários países. Além de Fischler, vieram para a feira João Gabriel Ferreira de Matos, encarregado de negócios da UE, José Manoel Silva Rodrigues, diretor da comissão agrícola da UE, e Mathias Berninger, vice-ministro de Agricultura da Alemanha.

Berninger, chefe do Comitê Brasil-Alemanha de Agronegócio, e mais cinco alemães membros do grupo passaram o último fim de semana na região de Ribeirão Preto e ficaram impressionados com a eficiência das empresas de açúcar e álcool e de suco de laranja. Berninger andou num VW Gol 1.6 litro, bicombustível, e vai levar um para testar na Alemanha.

Erwin Klabunde, chefe do comitê Brasil-Alemanha pelo lado brasileiro, informou que foram criados três grupos temáticos no âmbito do comitê para facilitar possíveis acordos entre os dois países: biocombustíveis (álcool e biodiesel), crédito rural e cooperativismo. "A visita dos alemães foi importantíssima do ponto de vista da credibilidade. Eles puderam ver que o Brasil não é um país emergente", disse Klabunde. Resta saber se isto ajudará nas negociações internacionais.

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