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Usda: produção mundial de café chega a 125 milhões de sacas


(13/12/2002 - Coffee Break) -O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) emitiu seu relatório sobre a produção mundial de café da safra 2002/03. Para a efetuação dos cálculos dessa safra, o Usda leva em consideração o volume colhido no Brasil neste ano de 2002. O órgão governamental norte-americano apontou que a produção mundial chega ao recorde de 125,1 milhões de sacas, total 2,4% maior que o aferido na estimativa anterior da entidade, divulgada em junho. O Usda ressaltou que a safra mundial do ano é 12% maior que a verificada no ano anterior. Para o Departamento, o principal fator de aumento do volume produzido no mundo foi a safra também recorde do Brasil, que colheu em 2002 um total de 51,6 milhões de sacas. A oferta mundial de café em 2002/03, segundo o órgão, chegou a 148,9 milhões de sacas. As exportações globais na safra foram revisadas para 90,1 milhões de sacas, volume 4% maior que em 2001/02. Os embarques brasileiros, na opinião da Usda, deverão fechar a safra em 28,6 milhões de sacas, 3,8 milhões a mais que na safra anterior.

Licht —A consultoria alemã F.O. Licht avaliou que a produção mundial de café deverá chegar a 120,054 milhões de sacas em 2002/03. O volume é 6,77% maior que o avaliado para a safra 2001/02, ou seja, 112,435 milhões de sacas. Do volume estimado para o ano safra, 78,95 milhões de sacas seriam de arábica e 41,104 milhões de sacas de robusta. A empresa aponta que o Brasil deverá ter uma safra de 34,1 milhões de sacas na safra a ser colhida em 2003, contra 49,8 milhões de sacas do atual ano. A Colômbia, por sua vez, deverão apresentar uma colheita de 10,3 milhões de sacas, contra 11,953 milhões de sacas da safra anterior. O Vietnã terá, em 2002/03, a terceira maior safra mundial, com 9,22 milhões de sacas, 24,73% a menos que o observado em 2001/02 (12,25 milhões de sacas). O documento da Licht sobre a safra 2003 ressalta que a grande safra brasileira é um fator de bloqueio para que um comportamento mais positivo do mercado seja observado. A consultoria também destaca que os cafés robustas voltarão a registrar quedas, o que pode ser um indício de que os níveis atualmente observados na bolsa de Londres estejam próximos de um piso. Já o aumento na produção de cafés arábica estaria totalmente relacionado ao Brasil, já que outros produtores desse tipo de café continuam sofrendo quebras, decorrentes da crise de preços. Em 2002/03, de acordo com as estatísticas da empresa, o mundo observará um excedente da ordem de 11 milhões de sacas, contra um excedente de 4 milhões de sacas da safra anterior. Porém, com a redução de mais de 16 milhões de sacas da safra brasileira em 2003, as "perspectivas podem ser melhores, como já observado no comportamento do mercado nos últimos dias", destacou a empresa. A Licht, porém, ressalta que o quadro não pode ser considerado ainda dos mais positivos, uma vez que os estoques dos países consumidores continuam altos.

Recorde de preço —Cafés de alta qualidade e preços recordes. Assim pôde ser definido o quarto leilão eletrônico promovido pela BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), no dia 10 de dezembro. Ao final das vendas, uma saca chegou a ser comercializada a 1.700 dólares, ou seja, com um ágio de mais de 2.000% em relação ao preço praticado no mercado. O lote campeão, com 26 sacas, da variedade Mundo Novo, foi produzido pela Fazenda Água Limpa, da cidade de Cristina, no sul de Minas Gerais. O produtor José Carlos Pereira de Carvalho, cujo café obteve nota máxima de 9555 pontos, no quarto Concurso Cup of Excellence, participou pela primeira vez do leilão. O pregão desta terça-feira foi marcado por uma disputa acirrada, com lances vindos, minuto a minuto, do Japão, da Austrália, da Europa e dos Estados Unidos. No principio da noite, a empresa japonesa Maruyama Coffee acabou dando um lance surpreendente e arrematou todo o lote vencedor. O preço pago pela Maruyama foi de 12,85 dólares por libra peso. De acordo com a BSCA, o Japão é um grande admirador e comprador dos cafés especiais brasileiros, sendo que, no ano passado, outra japonesa, a UCC Uhesima arrematou o lote de 18 sacas do primeiro colocado do leilão, a 735 dólares por saca. O pregão do dia 10 teve um preço médio de venda para as 998 sacas ofertadas de 500 dólares, cerca de 100 dólares a mais que a média praticada em 2001. O Cup of Excellence teve 826 produtores inscritos, o maior número já registrado. O programa, que recebe o apoio da Agencia de Promoções das Exportações e do Ministério da Agricultura , combina os cafés especiais de altíssima qualidade da safra anual com os mais exigentes e seletivos compradores do mundo. Na avaliação de Marcelo Vieira, presidente da BSCA, esse aumento significativo de participantes revelou que o conceito de cafés especiais está sendo bem absorvido pelos produtores nacionais, que se mostram empenhados, cada vez mais, em melhorar a qualidade dos seus grãos. Para ele, os importadores estão reconhecendo esse esforço e valorizando o produto nacional permitindo que o Brasil conseguisse registrar o recorde mundial de preço pago por saca, como também o de volume negociado em leilão eletrônico.

Acordo —A edição de número 62 do Congresso Nacional dos Cafeicultores da Colômbia foi encerrada com a definição do setor em buscar encontrar um acordo entre produtores e governo para fazer com que a atividade continue sendo rentável. O Congresso deste ano foi presidido por Ricardo Sánchez Prieto, que, em seu discurso final, ressaltou que a história da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia poderia ser dividida em duas, após o Congresso. "Tivemos idéias inovadoras e progressistas, que poderão dar um novo impulso à entidade", declarou. Prieto observou que a Federação está pronta para enfrentar o futuro, com condições para fazer o café colombiano competitivo, diante do atual mercado internacional. Para ele, uma das principais ações que já está em curso é a implementação de quiosques em várias localidades da Colômbia e no exterior, nas quais são oferecidos cafés 100% colombiano. Outra novidade apontada pelo dirigente é a execução de um programa para estabelecer as prioridades da Federação. "Vamos pensar a entidade internamente, buscando analisar a estrutura institucional e promover as mudanças pertinentes para um ajuste econômico e social", revelou Prieto. O presidente da Federação, Gabriel Silva Luján observou que o tema cafés especiais entrou definitivamente na pauta dos produtores colombianos. Ele ressaltou que recentemente um seminário sobre o assunto foi promovido, no qual foi estruturado um plano estratégico para o desenvolvimento desse mercado em 2003.

Projeto China —A Nestlé volta o foco de seus negócios de café para a China. De acordo com Josef Mueller, presidente da unidade chinesa da empresa, a Nestlé pretende repetir o sucesso alcançado com o café no Japão e tornar o produto competitivo nesse novo mercado. Para o executivo, é possível fazer com que os chineses passem a substituir o tradicional chá pelo café. A empresa suíça já atua há dez anos na China, porém, apenas agora inicia a construção de sua primeira fábrica, na cidade do Dongun, na província de Guangdong. A fábrica terá investimento inicial de 350 milhões de yuans, cerca de 42 milhões de dólares. A empresa também vem estabelecendo contatos com produtores locais, visando utilizar grãos chineses nos cafés elaborados pela Nestlé. Mueller ressaltou ainda que uma estratégia agressiva já foi desenhada para a China. Com a expectativa de um aumento substancial do consumo, a Nestlé planeja investir mais de 800 milhões de dólares no país, para, no longo prazo, a construção de 21 fábricas.

Procafé —Com a dispensa dos trâmites normais e com 57 votos favoráveis, a Assembléia Legislativa de El Salvador aprovou baixar de um dólar para 50 centavos de dólar por quintal (saca de 46 quilos) o aporte que os cafeicultores locais eram obrigados a pagar ao Procafé (Fundação Salvadorenha para Pesquisa do Café). O pleito foi feito pelas entidades cafeeiras locais, devido à crise atual do café. Os partidos de oposição na Assembléia votaram contra a proposta, uma vez que queriam condicionar a aprovação do projeto a uma emenda que previa a auto-sustentação do Procafé nos próximos anos. O gerente do Procafé, Carlos Laínez, disse que a forte redução nos ingressos da entidade fará com que a junta diretiva da Fundação se reúna nos próximos dias para encontrar ações de trabalho diante da nova realidade orçamentária. Laínez ressaltou que os trabalhos de melhoramento genético, manejo integrado de pragas, diversificação de cultivos e nutrição deverão ser priorizados. Ele, porém, observou que a assistência técnica personalizada será bastante afetada com os cortes aprovados. A Assembléia salvadorenha também aprovou a manutenção da taxa de 35 centavos de dólar por quintal exportado para a manutenção do Conselho Salvadorenho de Café, entidade que representa o café do país nos fóruns internacionais e é responsável pelo marketing dos cafés salvadorenhos.

Ajuda ao Vietnã —A FAO (Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas) estabeleceu um programa de financiamento para o Vietnã, visando amenizar a pobreza no campo e aumentar a qualidade do grão local. O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural do país, Cao Duc Phat, apontou que um encontro na última semana definiu uma verba de 641 mil dólares para o café vietnamita. O projeto da FAO terá duração de dois anos e, no primeiro ano, buscará aumentar a renda do produtor e sua qualidade de vida. Num segundo momento, o programa pretende dar maior qualidade ao produto vietnamita, tornando-o mais competitivo. Também se espera eliminar substâncias que podem ser consideradas tóxicas presentes no café local.

Em destaque

* As indústrias de torrefação dos Estados Unidos processaram, em 2002, até o último dia 23 de novembro, um total de 16,5 milhões de sacas. O volume aferido é 1,85% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 16,2 milhões de sacas foram processadas. Na semana encerrada em 23 de novembro, as indústrias do país realizaram o processamento de 400 mil sacas.

* O Ministério da Agricultura da Nicarágua informou que as exportações de café do país, no mês de novembro, chegaram a 46.891 sacas. Esse volume é 160% maior que o aferido no mesmo mês de 2001, quando 18.035 sacas haviam sido embarcadas. No acumulado dos dois primeiros meses do atual ano safra, a Nicarágua embarcou 75.469 sacas, 30,23% a mais que as 57.950 sacas exportadas em igual período do ano safra anterior.

Fonte: Coffee Break (www.coffeebreak.com.br)

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