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USDA aumenta previsão para a safra de soja no Brasil


O Brasil foi a grande vedete do relatório de oferta e demanda divulgado ontem pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Enquanto os números para os Estados Unidos são rigorosamente os mesmos do relatório de janeiro, o USDA elevou a safra brasileira, revisou para baixo as exportações do ano-safra anterior (2002/03) e aumentou os estoques finais da oleaginosa no mundo.

Com isso, os preços futuros da soja para maio caíram 1,5% e foram negociados a 836 centavos de dólar o bushel (US$ 18,43 a saca de 60 quilos) na bolsa de Chicago. Contribui também para a baixa a confirmação do segundo caso de gripe do frango nos Estados Unidos.

De acordo com o USDA, a safra brasileira é estimada em 61 milhões de toneladas, acima das 60 milhões de toneladas projetadas há um mês. "É uma grande surpresa. Afinal, os produtores estão reclamando de perdas em razão do excesso de chuvas", diz Renato Sayeg, da Tetras Corretora.

Outra novidade é a revisão das exportações brasileiras na safra anterior, referente ao período 2002/03. Em janeiro, a agência previa que o Brasil exportaria 21 milhões de toneladas, mas após a divulgação dos números oficiais do governo brasileiro - de 19,9 milhões de toneladas de soja em grão, segundo o Secex -, a nova estimativa passou a ser de 20,4 milhões de toneladas. Com isso, os estoques finais em 2003/04 foram aumentados em 9,2%, para 15,46 milhões de toneladas no Brasil.

As exportações brasileiras em 2003/04 foram ligeiramente aumentadas, de 26,60 milhões de toneladas - projetadas em janeiro - para 26,70 milhões. De outro lado, a Argentina deverá exportar menos: 11,2 milhões de toneladas, abaixo das 11,5 milhões de toneladas de soja estimadas no levantamento anterior.

Para os Estados Unidos, os números foram mantidos pelo Usda: produção de 65,80 milhões de toneladas, exportações de 24,49 milhões e estoques finais de 3,41 milhões de toneladas de grão.

O USDA prevê que o Brasil, como grande exportador de frangos e suínos, aumente o consumo interno de farelo em 5,7% em relação a janeiro, para 9,28 milhões de toneladas. Em razão do aumento da demanda interna, as exportações devem ser menores, caindo de 16,5 milhões para 16 milhões de toneladas de farelo de soja.

A agência prevê aumento do consumo de óleo de soja na China, de 7 milhões para 7,06 milhões de toneladas. O USDA confirma o apetite chinês, carro-chefe da alta história dos preços da commodity em Chicago. A China deverá importar 1,81 milhões de toneladas, acima das 1,75 milhão, inicialmente previstas. As importações de grão da China foram mantidas em 23 milhões de toneladas de soja.

O preço médio da soja nos Estados Unidos em 2003/04 foi novamente elevado pelo Usda. A cotação deve ficar entre 695 e 755 centavos de dólar o bushel (US$ 15,32 a US$ 16,64 a saca). No relatório de janeiro, a projeção era que o bushel oscilaria entre 690 e 760 centavos de dólar.

Algodão

Segundo o USDA, a safra mundial de algodão no período 2003/04 vai se situar em 92,7 milhões de fardos de 480 libras-peso, um aumento de 0,5% sobre o volume projetado pelo departamento no mês de janeiro. A produção norte-americana foi mantida em 18,2 milhões de fardos, enquanto a safra da China foi elevada em 1,8%, para 22,4 milhões de fardos. A produção brasileira também se manteve inalterada em 5,2 milhões de fardos.

Os estoques iniciais caíram para 36,77 milhões de fardos em fevereiro, em comparação com os 36,97 milhões de fardos estimados no mês de janeiro, segundo o USDA.

Para o período 2002/03, a projeção do departamento é de uma produção mundial de 88,3 milhões de fardos, em comparação com os 88,2 milhões de fardos estimados em janeiro. Para os Estados Unidos, a estimativa é de uma safra de 17,2 milhões de fardos, enquanto a China encerrou com uma produção de 22,6 milhões de fardos. O Brasil produziu 3,9 milhões de fardos.

Suco

As projeções para a safra norte-americana de citros no período 2003/04 apontam para uma produção de 13,3 milhões de toneladas, 1% abaixo das projeções de janeiro, mas 15% acima do volume produzido na safra anterior. A produção de laranjas na Flórida deve se situar em 246 milhões de caixas de 40,8 quilos (o que equivale a 11,1 milhões de toneladas), 2% abaixo das projeções de janeiro, mas 1% acima safra anterior. O rendimento do suco de laranja está projetado em 1,53 galão por caixa, inalterado se comparado às projeções do mês de janeiro, mas ligeiramente abaixo do rendimento da safra passada, de 1,54 galão por caixa.

Milho

O Brasil deverá colher uma safra de milho de 42 milhões de toneladas, 5% maior que as 40 milhões de toneladas projetadas há um mês. A utilização de milho para ração foi mantida em 34 milhões de toneladas e as exportações, em 4,5 milhões de toneladas.

Apesar da seca, a safra argentina foi mantida em 12,5 milhões de toneladas. As exportações também são as mesmas que as projetadas no mês de janeiro, de 8,5 milhões de toneladas de milho.

Para os Estados Unidos, a previsão é de aumento das exportações de milho, que deverão ser de 50,8 milhões de toneladas, volume superior às 50,17 milhões de toneladas projetadas em janeiro. O consumo de milho para ração também deve crescer, totalizando 147,33 milhões de toneladas, superando as 146,69 milhões de toneladas do relatório anterior. Com isso, os estoques finais norte-americanos devem cair para 22,88 milhões de toneladas, em relação às 24,91 milhões de toneladas inicialmente projetadas.

Trigo

Em seu relatório de oferta e demanda, divulgado ontem, após o fechamento do pregão, o USDA prevê que o Brasil produzirá 5,5 milhões de toneladas de trigo, acima das 5,2 milhões de toneladas estimadas no mês de janeiro. As importações foram mantidas em 5,6 milhões de toneladas. A agência dobrou sua projeção das exportações brasileiras, para 1 milhão de toneladas em 2003/04. O Brasil, um dos maiores importadores mundiais, começou a exportar trigo no ano-safra 2002/03.

Para a Argentina, maior fornecedor de trigo para o Brasil, a agência prevê uma produção de 13,5 milhões de toneladas, safra 8% maior que as 12,5 milhões de toneladas projetadas no relatório de janeiro. As exportações argentinas também foram revisadas, passando de 7,5 milhões para 8 milhões de toneladas.

Nos Estados Unidos, a produção foi mantida em 63,59 milhões de toneladas. Já as exportações foram aumentadas, passando de 30,62 milhões - apuradas em janeiro - para 31,30 milhões de toneladas.

A Austrália deverá colher 24,5 milhões de toneladas de trigo e exportar 17,5 milhões. Já a produção do Canadá será de 23,5 milhões e as exportações, de 16 milhões de toneladas de trigo. A safra da Ucrânia foi mais uma vez reduzida, de 4 milhões para 3,6 milhões de toneladas do grão. O país terá que importar 3,5 milhões de toneladas de trigo.

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