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USDA confirma impacto da safra sul americana de soja sobre o mercado


O último relatório mensal de oferta/demanda mundial do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), publicado no dia 11/fevereiro, reafirmou as boas expectativas em relação à safra sul americana de soja neste ano. A produção na Argentina e Paraguai foi mantida em 33,5 e 3,7 milhões ton, respectivamente. Mas a maior surpresa foi o reajuste na produção brasileira de 49,0 para 51,0 milhões ton nesta safra 2002/03.

Assim, de acordo com os números do USDA, a safra nestes 03 principais países crescerá de 76,6 milhões ton em 2002 para 82,2 milhões ton neste ano. A queda na safra dos EUA, em torno de 4,4 milhões ton, não será suficiente para anular a respectiva projeção de crescimento na produção sul americana em 5,6 milhões ton.

Juntos, Brasil, Argentina e Paraguai serão responsáveis por 2/3 do crescimento da produção mundial de soja nesta safra. A produção mundial de soja está projetada em 192,88 milhões, com um aumento de 8,58 milhões ton em relação à safra 2001/02. Mas o consumo mundial crescerá mais proporcionalmente, chegando a 193,86 milhões ton, cerca de 9,97 milhões ton acima da safra anterior. Com isso, os estoques mundiais se mantêm abaixo do ano passado, mas ainda em níveis muito altos.

Os estoques mundiais nesta safra 2002/03 estão projetados pelo USDA em 30,72 milhões ton, quase 5% abaixo da safra 2001/02. Mas este nível de estoque continua sendo considerado excessivamente alto em relação aos últimos anos. Para se ter uma idéia, os estoques mundiais chegaram a recuar para 13,5 milhões ton em 1997, subindo desde então como reflexo do aumento sucessivo na oferta dos principais países produtores, entre eles Brasil e Argentina. Em razão do aumento significativo no consumo da oleaginosa nos últimos anos, a relação estoque/consumo continua ligeiramente favorável neste ano, indicada em 16%, mas cerca de apenas 1% a 2% abaixo dos níveis das últimas 04 safras mundiais.

Sem dúvida, se considerarmos os atuais níveis dos estoques e a relação destes com o consumo mundial, houve realmente um excessivo aumento na produção sul americana nos últimos anos, a qual não facilmente vem sendo absorvida pelo mercado consumidor, contribuindo para a manutenção de uma relação oferta/demanda de soja ainda muito ajustada.

Até na safra 2001/02 a safra dos EUA foi majoritária no mercado mundial. De 2,0 milhões ton superior no ano passado, a safra dos EUA passou a ser inferior em 7,9 milhões ton ao montante produzido pelo Brasil, Argentina e Paraguai já neste ano. Com isso, mais do que nos últimos anos, os EUA continuarão perdendo um significativo espaço no mercado internacional para a soja sul americana.

Com o aumento na produção sul americana, o USDA praticamente manteve as projeções de preços domésticos nos EUA nesta safra 2002/03 (período outubro a setembro) em um patamar mínimo de US$ 5,10/bushel e reduzindo o nível máximo de US$ 5,80 para 5,70/bushel. Os contratos em Chicago com vencimento em março/2003 já estão posicionados em torno de US$ 5,70/bushel. Sendo assim, as expectativas de preços indicadas pelo USDA indicam que na ausência de fatos novos e positivos, o mercado em Chicago pode continuar operando de forma estagnada e sem grandes variações daqui até o início da próxima colheita de soja nos EUA.

Está aparente que o aumento do fluxo de comércio de soja no mundo está diretamente relacionado à China. A projeção do USDA é de que a China importe cerca de 15,0 milhões ton de soja em grão em 2002/03, cerca de 25% de todo o fluxo de exportações previsto para esta safra. Esta relação foi de 19% na safra 2001/02.

A recuperação significativa do mercado internacional a partir do início do ano passado praticamente se estabilizou nos últimos 05 meses, especialmente com o início da colheita americana entre setembro/outubro e agora com a iminente safra recorde sul americana. Os preços da soja em Chicago estão nos maiores níveis dos últimos 04 anos, mas o mercado entra agora em um período de transparente indefinição de direcionamento no curto prazo.

Com o aumento da competitividade e das vendas da soja brasileira e argentina e com a queda na produção americana, as exportações dos EUA desceram aos seus menores níveis dos últimos 03 anos, mesmo com o grande incremento das compras por parte da China.

Os altos estoques mundiais refletem que, com exceção da China, os demais mercados consumidores, mesmo nas demandas domésticas, podem ainda não ter capacidade de absorver com tanta rapidez mais aumentos nas ofertas nos principais países produtores e exportadores. Por isso, já com a safra sul americana praticamente definida, o foco do mercado a partir de agora passa a ser o plantio da safra 2003/04 nos EUA. Há indicativos de que o plantio de soja nos EUA poderia apresentar um novo recuo neste ano, o que seria muito favorável aos preços internacionais, visto todos os fatores citados acima.

Levando em consideração os fechamentos da Bolsa de Chicago para os contratos com vencimento em março e maio, a SoloBrazil projeta preços para os Estados do Paraná, São Paulo, Goiás e Mato Grosso, em média a US$ 10,10/sc, cerca de R$ 36,55/sc ao dólar atual. Neste mesmo período, os produtores de soja do PR poderão estar recebendo em média US$ 10,45/sc, SP (US$ 10,45/sc), GO (US$ 9,98/sc) e MT (US$ 9,50/sc).

Ressalta-se nesta edição semanal, que tecnicamente não há mais margem de queda para o mercado no Mato Grosso, Goiás e São Paulo no curto prazo. Nestes 03 Estados, os atuais indicadores de preços no mercado disponível já estão abaixo da paridade futura com a Bolsa de Chicago para o mês de março. Já no Paraná, cujos indicadores médios de preços estão atualmente em R$ 41,84/sc nas regiões produtoras, a nossa paridade futura com Chicago para o mês de março neste Estado indica R$ 39,42/sc. Assim, ainda há uma margem de queda para o mês de março em torno de R$ 2,42/sc no Paraná.

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