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Usda diminui novamente a produção mundial

A projeção indica uma colheita de 2,08 bilhões de toneladas de grãos, 5,24% a menos na comparação com a safra anterior


O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) divulgou na quarta-feira (12-09) seu mais novo relatório da safra 2007/08. Em relação ao anterior, houve queda na produção mundial de grãos. A projeção indica uma colheita de 2,08 bilhões de toneladas de grãos, 5,24% a menos na comparação com a safra anterior. Os números são 4,92 milhões de toneladas inferiores aos divulgados em agosto. O resultado foi um pregão na Bolsa de Chicago (CBOT) confuso, com altas nas cotações futuras do milho, trigo e soja.

A maior diferença ocorreu com o trigo - 4,16 milhões de toneladas a menos - na comparação com agosto. O Usda projetou uma colheita mundial de 606,24 milhões de toneladas. Segundo o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento, o mercado já havia "precificado" esta safra menor. "As altas dos últimos dias indicava isso. Ontem houve apenas devolução", explica. Na quarta-feira, o contrato de dezembro chegou a bater US$ 9,07 por bushel, mas encerrou em US$ 8,60 - uma queda de 3,37% em relação ao dia anterior. Bento diz que apesar disso, o cenário é altista, uma vez que a relação estoque e consumo é a menor desde 1996: 15%.

Para o milho, os números estavam dentro das expectativas do mercado, de alta. Mas a reação do pregão é que surpreendeu os analistas. "O relatório foi baixista. A única explicação é que o produto foi sustentado por outros grãos e que tenta se manter forte para não perder área ano que vem", acredita Fábio Turquino Barros, analista da AgraFNP. O contrato do grão para setembro encerrou o pregão 4,6% mais valorizado, avaliado em US$ 3,39 o bushel.

Pelas projeções do Usda, o mundo irá colher 774,10 milhões de toneladas de milho - 4,43% a mais que na safra passada. Em relação ao relatório de agosto foram acrescentadas 2,6 milhões de toneladas. Parte veio do Brasil, que teve sua produção elevada de 50 milhões para 51 milhões de toneladas. O departamento elevou a produtividade e, consequentemente, a produção dos Estados Unidos, avaliada em 338,04 milhões de toneladas, 26% a mais que na anterior. "O Usda confirmou as expectativas do mercado e aumentou as projeções", afirma Barros. A produtividade média dos Estados Unidos subiu 2% em relação ao relatório de agosto e 4,5% na comparação com a safra passada, avaliada em 163 sacas por hectare. É a maior desde 2004, quando a colheita média foi de 167 sacas por hectare. O departamento também reduziu o uso de milho para etanol nos Estados Unidos: de 86,4 milhões de toneladas para 83,8 milhões de toneladas.

Para a soja, a previsão é de uma colheita mundial de 221,27 milhões de toneladas, levemente inferior ao relatório de agosto e 6,26% a menos que na safra passada. "A expectativa do mercado era que a produtividade do safra dos Estados Unidos fosse elevado e, pelo contrário, foi diminuída", diz Renato Sayeg, da Tetras Corretora. O mercado reagiu em alta com a divulgação dos números, fechando o pregão a US$ 9,38 o bushel - 1,95% a mais em relação ao dia anterior. Pelas projeções americanas, o Brasil vai colher 61 milhões de toneladas de soja - número igual a agosto. Sayeg diz que um dado relevante do relatório é reiterar o Brasil como maior exportador mundial do grão, com 30,69 milhões de toneladas. Segundo ele, pela primeira vez, o percentual brasileiro superará 40% do mercado mundial.

O Usda também trouxe mudanças em números de estoques da Argentina e elevou a utilização de óleo de soja para biodiesel nos Estados Unidos de 17,6% para 19,7%. "Isso indica uma aceleração no ritmo de uso deste produto como combustível naquele país", avalia Sayeg. De acordo com ele, o departamento também aumentou a diferença entre a oferta e a demanda em relação à safra anterior. A oferta cai 6,25% e a demanda aumentou 4,57%.

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