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USDA prevê queda nos estoques de grãos


Volume armazenado de trigo, arroz e milho é o menor dos últimos três anos no mundo. A queda acentuada dos estoques finais de cereais como trigo, arroz e milho foi o grande destaque do relatório mensal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado ontem. "O aumento na safra de cereais não será suficiente para conter a demanda e os estoques vão cair drasticamente", diz Antônio Sartori, corretor da Brasoja. É o terceiro ano consecutivo de retração dos volumes armazenados de cereais em todo o mundo.

Trigo

Os estoques de trigo da safra 2003/04 devem ser 14% menores em relação ao período anterior, totalizando 134,46 milhões de toneladas. Será o terceiro ano consecutivo de redução dos volumes armazenados. Os estoques de passagem devem cair apesar do crescimento das safras da Argentina - que aumentará em 17,9% -, Canadá - cuja colheita será 52,9% maior - e Austrália, que após superar severa seca no ano passado deverá produzir 26 milhões de toneladas, volume quase três vezes maior em relação a 2002/03, quando colheu 9,5 milhões de toneladas do grão. Mesmo a safra americana, que também foi prejudicada por forte estiagem no ano passado, deverá se recuperar neste ano, totalizando 57,5 milhões de toneladas, volume 30,8% maior em comparação ao período anterior.

Os elevados preços do milho da safra velha devem estimular o consumo do trigo como ração nos Estados Unidos, elevando o consumo interno em 6%. Os embarques americanos devem aumentar 8,6%; os EUA devem ganhar mercado em cima de países como a Rússia e a Ucrânia, que terão menor disponibilidade para exportação.

No Brasil, os triticultores, estimulados pelos bons preços praticados no mercado interno, devem plantar mais neste ano e colher uma safra de 3,8 milhões de toneladas, volume 29,2% maior em relação ao ano anterior. Com isso, as importações devem cair 9,7%, para 6,5 milhões de toneladas.

A retração nos estoques mundiais de trigo provocou forte alta de 3,1% nos preços do trigo na Chicago Board of Trade (CBoT). Os contratos para julho fecharam a 331 centavos de dólar por bushel, o maior patamar em seis meses e meio. O clima excessivamente úmido nas áreas produtoras de trigo de inverno dos Estados Unidos contribuíram para a alta dos preços ontem, na bolsa norte-americana.

Milho

O volume armazenado de milho no mundo cairá 6,2%, para 97,84 milhões de toneladas. Será o quarto ano consecutivo de redução dos volumes estocados. Os estoques de passagem serão menores apesar do aumento de 11,7% da safra americana, que deverá ser de 255,54 milhões de toneladas.

O Brasil deverá exportar 2 milhões de toneladas. E a Argentina, tradicional fornecedor para o Brasil, deverá embarcar 12 milhões de toneladas do grão.

Arroz

Os estoques finais de arroz devem cair 15%, totalizando 91,85 milhões de toneladas em 2003/04. É o terceiro ano consecutivo de queda dos estoques mundiais. A safra mundial será 3,32% maior em relação a 2002/03, crescendo para 393,73 milhões de toneladas.

Soja

Na soja, nenhuma grande novidade. O governo americano manteve as projeções para as safras do Brasil, EUA e Argentina, projetadas em 51 milhões, 74,3 milhões e 35 milhões de toneladas, respectivamente. A demanda da China foi mantida em 16,5 milhões de toneladas.

Embora o governo americano tenha reduzido em 7,1% sua projeção para os estoques finais dos EUA, para 3,7 milhões de toneladas, essa diminuição já era esperada.

A consultoria Céleres/ M.Prado prevê que a safra brasileira será de 50,38 milhões de toneladas em 2002/30, ou 18% maior em relação ao período anterior.

Farelo de soja

O USDA manteve sua previsão para a produção brasileira de farelo em 22,32 milhões de toneladas. As exportações também foram mantidas em 8,4 milhões de toneladas, segundo o relatório.

A produção chinesa foi ligeiramente elevada de 19,07 milhões, previstos em abril, para 19,15 milhões. As importações do país são previstas em 300 mil toneladas.

Óleo de soja

A produção é estimada em 30,59 milhões de toneladas em 2002/03. Desse total, o Brasil será responsável por 17,6%, ou 5,40 milhões de toneladas, segundo o USDA. O Brasil deverá exportar 2,39 milhões de toneladas.

A Argentina tem produção prevista em 4,54 milhões de toneladas, 1,33% maior em relação ao relatório anterior, divulgado em abril. Da mesma forma, as exportações argentinas foram revistas para cima, passando de 4,38 milhões para 4,42 milhões de toneladas, prevê o governo americano.

Citros

A Flórida (EUA) deverá colher uma safra de laranjas de 200 milhões de caixas de 40,8 quilos, volume 1% maior que o previsto no mês passado e superior às estimativas do mercado, que falava em queda de produção. De acordo com o USDA, apesar da seca, a maioria das plantações está sendo irrigada, o que resultou em frutos maiores do que o usualmente registrado para o final da safra da variedade valência. A colheita de citros ocorre entre os meses de outubro e junho.

Se a safra for confirmada em 200 milhões de caixas, será a menor em quatro anos e 18% inferior ao recorde de 244 milhões de caixas colhidas em 1997/98.

A produtividade média esperada é de 1,53 galões por caixa, inferior aos 1,55 galões previstos no mês passado pelo Departamento de Agricultura do país.

Algodão

A produção mundial de algodão deverá ser a segunda maior da história, e os estoques, os menores em nove anos, segundo o USDA.

Os bons preços da commodity no mercado internacional aliado ao clima favorável nos Estados Unidos teriam levado o governo americano a elevar a safra mundial em quase 10%, passando dos 87,9 milhões de fardos registrados em 2002/03, para 96,5 milhões.

Os estoques de passagem deverão ser de 34,5 milhões de fardos, o menor nível desde 1994/95.

As exportações americanas de algodão em 2003/04 deverão ser recordes, alcançando a marca de 11,5 milhões de fardos, volume 4,5% maior em comparação com os 11 milhões de fardos previstos para o ano anterior.

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