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USDA prevê queda nos subsídios norte-americanos


A safra 2004/05 mal começou a ser colhida na América do Sul e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) já está preocupado com o que vai acontecer com o agronegócio em 2014. A entidade americana divulgou ontem (14-02) seu relatório base de projeções que, apesar de traçar cenários para o agronegócio nos Estados Unidos, traz também expectativas, positivas e negativas, para o Brasil.

Entre as notícias de mais destaque e de interesse mundial, o Usda prevê que os Estados Unidos reduzirão os subsídios - na modalidade de pagamentos diretos - em pelo menos 54,1% até 2014. A estimativa é que o valor pago diretamente pelos EUA a seus produtores caia de US$ 24 bilhões para US$ 11 bilhões nos próximos dez anos.

Segundo o relatório, o motivo para a queda nos subsídios será o aumento da demanda mundial por alimentos, que irá elevar a renda do agricultor e, conseqüentemente, reduzir a necessidade da intervenção do governo. Os bilhões que ainda serão aplicados na agricultura americana estarão mais relacionados a questões ambientais.

Outra notícia favorável ao Brasil é que o País irá se consolidar ainda mais como maior exportador mundial de soja. O rápido aumento da área plantada fará com que até 2014, os embarques brasileiros do complexo representem 45% das exportações mundiais, um aumento significativo sobre a atual fatia brasileira, que é de 35%.

A tendência de queda da rentabilidade da soja nos próximos anos, aliado às perspectivas mais atraentes para o milho, devem levar a um aumento da área cultivada de milho e a uma quase estabilização das lavouras de soja.

Se por um lado o mercado internacional de soja será favorável ao Brasil, por outro, o cenário para a produção nacional de trigo não está nada otimista. O Usda aposta que na próxima década o País retomará as grandes importações trigo, elevando dos atuais 5 milhões de toneladas para 8 milhões, ou seja, crescimento de 60% até 2014. "O clima brasileiro não é favorável ao desenvolvimento do trigo e em algumas das atuais regiões produtoras substituirão o trigo pela cultura do milho nos meses de inverno, por trazer um retorno melhor", diz o relatório.

No que se refere ao milho, o governo americano estima que as exportações brasileiras permanecerão estáveis, entre 2 milhões e 4 milhões de toneladas ao ano até 2014. As vendas do Brasil atenderão, segundo o USDA, a um nicho do mercado internacional, que comprará apenas milho não-transgênico, apesar do avanço que a biotecnologia tem conseguido no País.

O USDA aposta que o crescimento médio da economia mundial, que ficou na média de 3% ao ano entre 2001 e 2003, passe para 5% anuais a partir de 2006 e se mantenha nesse patamar até 2014. Com o crescimento da renda da população, um dos setores que mais deverá sentir os impactos positivos é o de carnes. Estudos internacionais revelam que conforme cresce a renda de uma população, aumenta a demanda por proteínas de origem animal.

A agência americana prevê, no entanto, que o Brasil não será capaz de aproveitar plenamente o aumento do consumo mundial de carnes porque suas vendas ainda serão restringidas em função da incidência de febre aftosa. O USDA prevê que até 2014 o País não estará totalmente livre da doença - ao contrário do governo brasileiro, que prevê a erradicação total até 2009 -, o que impedirá seu acesso aos cobiçados mercados de Japão e China. É justamente nestes mercados onde são registrados os melhores preços.

Apesar disso, o Brasil se consolidará como grande exportador mundial de carnes.

Já as exportações americanas dificilmente voltarão aos níveis pré-vaca louca, já que Japão e Coréia do Sul continuam reticentes em retomar as compras.

O saldo da balança agrícola americana deve fechar 2005 em zero. É a primeira vez que o país não alcançará superávit desde 1959. Entre 2006 e 2014, os EUA devem alcançar superávit anual entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões.

Crescem as importações de hortifrutigranjeiros, como batatas, tomates, bananas e suco de laranja congelado de país como México, Chile, Canadá e Brasil.

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