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USDA prevê safra de soja maior no Brasil


A produção brasileira de soja deverá atingir o volume recorde de 51 milhões de toneladas, segundo previsão divulgada ontem pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O número é 4,08% superior, em relação à estimativa de janeiro, quando o governo americano previu para o País colheita de 49 milhões de toneladas em seu relatório mensal de oferta e demanda mundial de grãos.

Com a perspectiva de aumento da produção brasileira, segundo o USDA, a produção mundial 2002/03 de soja deverá totalizar o volume recorde 192,88 milhões de toneladas, 1% a mais em comparação à previsão de janeiro, de 190,89 milhões de toneladas, e 4,65% superior à safra passada, a 2001/02, que somou 184,3 milhões de toneladas.

"É um número arrojado", diz Renato Sayeg, diretor da Tetras Corretora, ao comentar a perspectiva para a safra brasileira. Segundo ele, no Brasil as estimativas oscilam entre 48,5 milhões e no máximo 50,5 milhões de toneladas. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê para o Brasil colheita de 47,6 milhões de toneladas de soja na safra 2002/03.

Os estoques mundiais de soja no final da safra 2002/03, porém, não vão aumentar, apesar da elevação prevista na produção, na medida em que há perspectivas de que a demanda mundial por soja vai aumentar. Entre os principais consumidores de soja que vão ampliar a importação estão a China, com 500 mil toneladas a mais, a União Européia (UE), com outras 500 mil toneladas e o Japão, com 150 mil toneladas. "Só estes três mercados já representam quase 60% do volume maior de soja previsto para a safra", diz Sayeg.

O relatório do USDA também prevê alta das exportações brasileiras, para 21 milhões de toneladas, 1,9% a mais em relação à previsão de janeiro, de 20,6 milhões de toneladas. O esmagamento deve crescer 2,7% no Brasil, para 28,5 milhões de toneladas, em relação às 27,75 milhões de toneladas previstas no mês anterior.

O USDA manteve as previsões de produção de soja dos Estados Unidos, em 74,29 milhões de toneladas, e da Argentina, em 33,5 milhões de toneladas. As exportações norte-americanas do grão, porém, foram revistas ligeiramente para cima, de 25,3 milhões de toneladas para 25,6 milhões de toneladas. Os estoques finais de soja nos Estados Unidos recuaram 13%, para 4,48 milhões de toneladas, em relação aos 5,16 milhões de toneladas previstas no relatório de janeiro. Segundo Sayeg, o mercado já aguardava uma queda, mas ela foi muito superior. "A expectativa é de que os estoques caíssem para 4,8 milhões de toneladas."

A produção mundial de farelo de soja nesta safra deve subir 5,24% em relação à safra 2001/02, para 131,83 milhões de toneladas, em comparação ao volume de 125,26 milhões de toneladas. Já os estoques mundiais devem aumentar 7,63%, para 4,09 milhões de toneladas. Já os estoques mundiais de óleo de soja estão previstos em 2,15 milhões de toneladas no final do ano-safra 2002/03, o que significa queda de 14,34% em relação aos 2,51 milhões de toneladas da safra anterior. A produção mundial prevista pelo USDA é de 30,53 milhões de toneladas de óleo, 6% a mais em relação à safra anterior.

Grãos forrageiros

A produção mundial de grãos é estimada pelo governo norte-americano em 1,81 bilhão de toneladas na safra 2002/03, queda de 3,02% em relação à colheita de 1,866 bilhão de toneladas em 2001/02 (ver tabela acima). A colheita de grãos forrageiros, que inclui milho, sorgo, cevada, aveia e centeio, deve cair 3,08%, para 861,59 milhões de toneladas, em comparação à produção de 888,96 milhões de toneladas da safra anterior.

Milho

A produção norte-americana de milho deve atingir 228,80 milhões de toneladas na safra 2002/03, sem alteração em relação ao relatório do USDA de janeiro. Os estoques finais do grão deverão totalizar 23,6 milhões de toneladas, ligeiro aumento de 0,5% em relação à previsão de janeiro, quando o governo norte-americano previu 23,47 milhões de toneladas de milho.

A novidade no relatório refere-se à perspectiva da produção argentina de milho, que aumentou 7,4%. Segundo o relatório divulgado ontem pelo USDA, a Argentina vai colher 14,5 milhões de toneladas de milho, enquanto no relatório do mês anterior a previsão era de 13,5 milhões de toneladas.

A colheita mundial deverá totalizar 592,53 milhões de toneladas de milho, ligeira queda de 0,3% em relação à previsão de janeiro, de 590,52 milhões de toneladas.

Trigo

A Argentina vai colher menos trigo neste ano-safra 2002/03, segundo a estimativa do USDA. A colheita é estimada agora em 12,5 milhões de toneladas do grão, 3,8% menos em comparação à previsão divulgada em janeiro, de 13 milhões de toneladas. Entre os principais produtores mundiais de trigo, o relatório de ontem manteve a estimativa de janeiro. A colheita norte-americana deve se manter em 43,99 milhões de toneladas, o Canadá deve produzir 15,7 milhões de toneladas e a Austrália, 10 milhões de toneladas.

A produção mundial deve cair 0,1%, para 566,64 milhões de toneladas, em relação às 567,51 milhões de toneladas de janeiro. Em comparação com a colheita passada, a queda é de 2,13%.

Algodão

Os estoques norte-americanos de algodão devem cair para 6,2 milhões de fardos, o que significa queda de 1,6% em relação à estimativa de janeiro por conta do aumento da demanda local. O mercado estimava um estoque ligeiramente maior, em torno de 6,38 milhões de fardos nesta safra.

A produção de algodão dos Estados Unidos ficou inalterada em 17,14 milhões de fardos. Para a Índia, outro grande produtor, o USDA reduziu em 0,9% a estimativa de colheita para 11,1 milhões de fardos, em relação a janeiro.

Suco de laranja

Na Flórida, a produção de citros nesta safra foi ampliada para 199 milhões de caixas de 40,8 quilos, 1% a mais em relação à previsão de janeiro. O aumento foi atribuído à melhoria do clima. O mercado estimava algo em torno de 196,8 milhões de caixas.

Segundo o USDA, a previsão representa um aumento de 13% em relação à colheita anterior quando os produtores da Flórida colheram 230 milhões de caixas.

Paulo Soares e Bloomberg News

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