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Usinas devem ter em outubro alta nas vendas mensais de etanol pela 1ª vez na safra

Na atual temporada, iniciada em abril, as comercializações mensais foram sempre menores, segundo a Unica.



Outubro tende a ser o primeiro mês da safra 2017/18 a registrar vendas maiores de etanol por usinas e destilarias do centro-sul do Brasil frente a temporada passada, mas a manutenção dessa força no consumo é incerta a partir de novembro, segundo especialistas ouvidos pela Reuters. Dados divulgados nesta terça-feira pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) mostram que as vendas de álcool (anidro e hidratado) na primeira metade do mês no mercado interno somaram 1 bilhão de litros, já acima dos 972,3 milhões de litros de igual período de 2016.

Agora, a expectativa é de que a comercialização se mantenha aquecida também na atual quinzena e leve outubro a terminar com vendas totais maiores que o total de 2,06 bilhões de litros observados há um ano. Na atual temporada, iniciada em abril, as comercializações mensais foram sempre menores, segundo a Unica.

“O consumo na segunda quinzena (de outubro) deve se manter elevado. A paridade deu uma melhorada boa e é isso que está puxando o aumento de vendas”, afirmou o analista de açúcar e etanol da INTL FCStone, João Paulo Botelho. Ele lembrou que em São Paulo, Estado com a maior frota de veículos do país, a paridade de preços entre gasolina e hidratado está perto de 67 por cento, abaixo dos 70 por cento a partir dos quais abastecer com álcool geralmente se torna mais interessante economicamente para o motorista.

Tanto que é justamente o hidratado que tem puxado as vendas totais de etanol. Na primeira quinzena de outubro, foram comercializados 655,39 milhões de litros no mercado interno, alta de quase 10 por cento, de acordo com a Unica. “Essa é a primeira quinzena na safra 2017/18 com vendas de hidratado significativamente maiores àquelas registradas no ciclo 2016/2017”, disse a entidade, em relatório.

INCERTEZAS

O etanol voltou a ganhar força nesta safra após o governo elevar as alíquotas de PIS/Cofins incidentes sobre a gasolina em julho, o que deu maior competitividade ao etanol e levou as usinas e destilarias a impulsionarem sua produção, atenuando parcialmente as fracas cotações internacionais do açúcar. A produção de etanol pelas usinas e destilarias do centro-sul do Brasil cresceu mais de 10 por cento na primeira quinzena de outubro.

A manutenção dessa competitividade, contudo, é incerta a partir de novembro e ao longo da entressafra de cana, que se estende até abril. Segundo o diretor da comercializadora Bioagência, Tarcilo Rodrigues, há a perspectiva de a alta de preços nas usinas e destilarias ser repassada integralmente pelas distribuidoras aos consumidores finais, algo que ainda não ocorreu nas últimas semanas.

Conforme o monitoramento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), nos últimos 30 dias os preços do álcool nas unidades produtoras de São Paulo aumentaram em mais de 6 por cento, para 1,53 por litro, sem impostos. “E tudo o que estamos produzindo a mais é exatamente o que o mercado está consumindo a mais, não está indo para estoques”, afirmou Rodrigues.

Na mesma linha, Botelho, da INTL FCStone, concorda que há a possibilidade de algum repasse ao consumidor. Ele ainda destacou que, agora, há menor estímulo à importação por causa da taxação anunciada pelo governo em agosto. Naquele mês, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu que as importações de etanol sem tarifa serão limitadas a 150 milhões de litros por trimestre. “No ano passado, os preços caíram ainda em janeiro, no meio da entressafra, por causa da importação”, afirmou Botelho, referindo-se a um período marcado por recordes nas compras externas de etanol.

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