CI

USP cria curso para impulsionar expansão do agronegócio no País

Engenharia de biossistemas deve formar profissional para trabalhar com tecnologia e sustentabilidade


Acompanhando o movimento de expansão do agronegócio - que em 2008 deve ter uma safra recorde de mais de 145 milhões de toneladas de grãos -, a Universidade de São Paulo planeja lançar daqui cinco anos no mercado uma leva de novos profissionais capacitados para dar conta desse crescimento e criar novas tecnologias que possam manter o Brasil em posição de liderança.


A carreira, inédita no País em nível de graduação, é a Engenharia de Biossistemas, que inicia em 2009 com 60 vagas na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos em Pirassununga. Para sua implantação, a USP está gastando R$ 5 milhões . O engenheiro agrícola Celso Eduardo Lins de Oliveira, coordenador do curso, espera que no primeiro ano a procura fique em torno de 6 a 10 candidatos por vaga. Aqui, ele explica o que esse profissional será capaz de fazer e qual a demanda do mercado.

O que são os biossistemas?

Uma definição restrita, que não abarca toda a amplitude do termo, é de que biossistemas são os sistemas vivos ligados à produção agropecuária, e isso inclui plantas, animais e todos os ecossistemas envolvidos nessa produção. Mas o termo é muito mais amplo.

O que motivou a universidade a criar esse curso?

O agronegócio tem expressiva participação nas exportações e no PIB do País. Essa posição não foi conseguida sem esforço tecnológico. Mas para esse desenvolvimento acontecer precisamos cada vez mais de profissionais que atuem em áreas técnicas, porém relacionadas à produção agropecuária, como agricultura e zootecnia de precisão, georreferenciamento, etc. Eram coisas que até há alguns anos não eram importantes para manter nossa posição de liderança. Com a ascensão dessas tecnologias, a USP entendeu que há necessidade de um profissional com formação tecnológica correspondente nessas áreas.

O engenheiro em biossistemas será capaz de fazer o quê?

Hoje temos o agrônomo, que está ligado ao sistema solo-planta-atmosfera, e o engenheiro agrícola, que trabalha mais com construções, máquinas, irrigação. O engenheiro de biossistemas vai trabalhar com as infra-estruturas de suporte à produção agropecuária, com automação, com controle de qualidade.


A produção sustentável será uma preocupação desse profissional?

Sim, se estamos falando em manter nossa liderança no mercado internacional, esse profissional não pode estar desagregado dos requerimentos de mercado - que hoje tem se preocupado muito, entre outras coisas, em saber se um animal foi criado em condições de conforto adequado. A gente controla isso e mantém os níveis de produtividade com o emprego de tecnologia. Quando se fala em proteção ao meio ambiente, é importante lembrar que ele tem tanto destaque também porque virou negócio.

O curso deve tratar de dilemas do agronegócio, como produção energética x produção alimentar?

Uma das coisas que deram mais trabalho ao montar o curso foi incluir uma carga horária de humanas adequada, com disciplinas de ética, por exemplo. O curso também terá formação específica na área de energia, assunto do momento e do futuro.

Se defendemos a forma de produção ligada à biomassa, temos de abordar esses conflitos de caráter ambiental e social. O aluno terá uma formação técnica, específica, e humana, genérica, para se inserir nessas discussões e ser capaz de solucioná-las, com uma visão holística.

Como atrair o jovem para a carreira que nem sequer existe ainda?

Hoje, nos anúncios de emprego, não se encontra ninguém oferecendo emprego para um engenheiro de biossistemas porque é uma profissão que não existe no País. O que não quer dizer que não exista a necessidade desse profissional.

Um levantamento que fizemos mostrou que se quer pessoas com esse conhecimento. Para os jovens, estamos falando: se você gosta do campo, mas também de videogame, robô, internet, então seu negócio é a engenharia de biossistemas. Nesse curso ele terá aulas de zootecnia, de biologia, vai conhecer o meio de produção no campo, mas não estará direto no curral. Vai conhecer o bicho, a planta, porque eles são o fim do trabalho desse engenheiro, mas ele estará voltado para a produção tecnológica.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.