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Vagens e grãos verdes interferem na qualidade da soja que chega à indústria

Tema será debatido na VI Conferência Brasileira de Pós-Colheita


Nos últimos anos, os produtores estão constatando aumento no número de plantas de soja com maturação desuniforme, o que se reflete em folhas, hastes e vagens verdes mesmo depois da lavoura alcançar maturidade normal. “Esse problema tem se refletido principalmente na indústria, pois as vagens verdes embucham o sistema de recebimento”, explica o pesquisador Antonio Eduardo Pípolo, da Embrapa Soja. “Além disso, a clorofila presente nos grãos verdes escurece o óleo e aumenta os custos para clarear a produção. Em alguns casos, pode até inviabilizar a comercialização”, ressalta.

O tema será debatido na VI Conferência Brasileira de Pós-Colheita que será realizada de 14 a 16 de outubro, no Centro de Eventos Excellence, de Maringá (PR). Para Pípolo não existe um único fator responsável pelo aumento da ocorrência de vagens e grãos verdes, mas sim uma combinação de fatores, o que torna o problema difícil e complexo.

O pesquisador aponta a presença de percevejos em alta população, por exemplo, como um dos fatores associados à maturação desuniforme. “Durante os últimos anos, entretanto, este sintoma vem ocorrendo em áreas onde o percevejo não foi problema”, explica o pesquisador.  Na safra 2013/2014, Pípolo avalia que a presença de grãos verdes também esteve associada à ocorrência de falta d´água no final do ciclo, o que provocou a morte prematura de plantas e, consequentemente, morte de grãos ainda verdes.

Para explicar o problema, Pípolo recorre ainda às mudanças ocorridas, a partir dos anos 1990, no sistema de produção de soja. Com o grande crescimento da área de milho safrinha, a semeadura da soja foi antecipada em 20 a 30 dias, optando-se por cultivares precoces para viabilizar a exploração de duas safras por ano.

Além disso, em 2001, o aparecimento da ferrugem asiática e a utilização de fungicidas em soja reforçou a necessidade de utilização de cultivares precoces e com tipo de crescimento indeterminado para garantir porte e produtividade no plantio antecipado. “Esses fatores vem concorrer para o aumento da ocorrência de vagens e grãos verdes”, enfatiza. “Além disso, a colheita de soja foi antecipada para janeiro e fevereiro que são meses chuvosos, o que favorece a maturação desuniforme”.

Como é difícil uma alteração no sistema de produção adotado atualmente, a solução do problema, a curto prazo, é a busca por melhoria dos sistemas de pré-limpeza para a retirada das vagens verdes. O coordenador de armazenagem da cooperativa Comigo, Paulo Junqueira, diz que, na última safra, a Comigo fez testes com máquinas que foram colocadas para receber os grãos e que minimizaram o problema. “Há ainda o desafio de encontrarmos uma solução para os grãos já armazenados com o intuito de perdemos menos em quantidade e qualidade”, enfatiza.

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