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Vazio sanitário nas lavouras de soja começa no dia 15 em Mato Grosso

Pelo quarto ano seguido, Mato Grosso adere ao período de proibição do cultivo para reduzir incidência da ferrugem


Começa no próximo dia 15, em todas as regiões de Mato Grosso, o período do vazio sanitário nas lavouras de soja. Durante 90 dias – até o dia 15 de setembro - fica proibido o plantio da oleaginosa para evitar o aparecimento da ferrugem asiática, considerada o principal "terror" dos sojicultores. O produtor que cultivar soja neste período pode ser multado e ter sua plantação destruída pelos fiscais. Apenas nas áreas de pesquisa científica o plantio é autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Na última quarta-feira, a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), enviou por meio de torpedo, um informe alertando os sojicultores para a proximidade da data e para importância em aderir ao período. A Entidade prepara para a próxima semana a divulgação de dados referentes ao último vazio sanitário e também sobre a evolução da safra 08/09.

De acordo com a legislação, a semeadura da soja em Mato Grosso só deverá começar a partir de 16 de setembro. O desrespeito à restrição é considerado infração gravíssima e pode acarretar multas de até 3 mil UPFs (Unidades Padrões Fiscais), cerca de R$ 80 mil. Este é o quarto ano em que os produtores mato-grossenses ficam sujeitos à proibição. Na prática, o vazio sanitário significa que, durante o período de entressafra, não se deve ter planta viva de soja nas lavouras. "O objetivo do procedimento é evitar a transmissão da ferrugem asiática. Deixar de plantar por um período é uma ação chamada de eliminação da ponte verde, já que a soja é o principal hospedeiro do fungo causador da doença", explica o coordenador da Comissão de Defesa Vegetal da Superintendência Federal da Agricultura (SFA) em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra.

Como ele reforça "a nossa preocupação neste momento é com a soja tiguera que nasceu no meio de lavouras de girassol, milheto e crotalária".

Ele informou que durante o período do vazio sanitário do ano passado, foram detectados alguns problemas com o aparecimento de plantas tigüeras. "Mas, orientamos os produtores e eles fizeram a destruição das plantas". Tigüeras ou guaxas são aquelas plantas que nasceram e se desenvolveram de forma involuntária no campo, como por exemplo, dos grãos que sobram da última colheita.

RECOMENDAÇÕES - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento faz diversas recomendações aos produtores mato-grossenses para o vazio sanitário de 2009. Uma delas é fazer o plantio antecipado de soja com variedades precoces e o monitoramento efetivo da lavoura por meio de aplicações preventivas ou nos primeiros sintomas da ferrugem asiática.

Segundo o coordenador da Comissão de Defesa Vegetal da Superintendência Federal da Agricultura (SFA) em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra, o produtor deve estar atento à qualidade da aplicação, utilizando equipamentos bem regulados e uso da dose recomendada. "Somente produtos registrados no Ministério da Agricultura devem ser utilizados. O produtor jamais deve aplicar subdoses".

Lembrou que este ano os produtores deverão "redobrar a atenção" e fazer um controle ainda melhor porque a ferrugem pode ressurgir no começo do plantio, já que a quantidade de fungos vivos nas plantas remanescentes é maior este ano e por isso há a necessidade em se destruir as plantas tigüeras ou guaxas.

REDUÇÃO DE FOCOS - De acordo com Wanderlei Guerra, apesar dos casos esporádicos de plantas vivas de soja nas lavouras de inverno no ano passado, a expectativa é de que o número de focos diminua em relação ao ano passado. "Temos notado que a adesão dos produtores [ao vazio sanitário] vem aumentando ano a ano e acho que isso pode refletir diretamente no resultado da safra", disse, destacando a "atuação efetiva do Indea neste trabalho".

Com a introdução do vazio sanitário - estratégia de manejo que visa reduzir a presença do fungo Phakopsora pachyrhizi, que é disseminado pelo vento - é possível diminuir a possibilidade de incidência da doença no período vegetativo e, conseqüentemente, reduzir o número de aplicações de fungicida para controle da doença.

NÚMEROS – Em agosto do ano passado, ainda durante a vigência do vazio sanitário, o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea) havia registrado até o final do mês cerca de 150 notificações contra produtores que não fizeram a destruição total das plantas tigüeras ou guaxas nas lavouras de soja.

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