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Venda antecipada de soja ainda é baixa


Produtor do Mato Grosso recebe até US$ 3 a mais por saca este ano em relação a 2002. Os agricultores brasileiros intensificaram as vendas antecipadas de soja para a próxima safra, mas o volume ainda é considerado pequeno em compara-ção com o ano passado. Aproximadamente 29% da próxima safra foi negociada até o momento, enquanto em 2002 cerca de 40% da safra já havia sido vendida. As exceções ficam por conta dos produtores do Mato Grosso (55%), de Goiás (47%) e Bahia (40%), que negociaram um volume bem maior.

"Os negócios aumentaram apenas nos últimos 30 dias", informa Renato Sayeg, diretor da Tetras Corretora, de São Paulo. A queda no câmbio este ano desestimulou um pouco os agricultores, que ainda optam por esperar mais para fechar as vendas. "A tendência de vendas tem sido de alta nos últimos anos, mas agora o dólar não foi um fator estimulante quanto em 2002", afirma Sayeg.

As vendas de soja estão bem inferiores em relação ao ano passado mas dentro da média dos últimos cinco anos.

Receita maior

Neste ano, produtores rurais da região de Rondonópolis, no sul do Mato Grosso, recebem até US$ 3 a mais por saca, em comparação com o desempenho verificado em 2002. Atualmente, as vendas antecipadas garantem ao produtor da região US$ 12,60 por saca, 31% a mais em comparação aos US$ 9,60 há um ano, informa Geraldo Ornellas, operador da Lucra Corretora, de Cuiabá. Na região de Sorriso, no norte do estado, os produtores recebem até US$ 11,60, um dólar a menos em relação aos negócios fechados neste mesmo período do ano passado, segundo informa Ornellas.

O aumento dos preços é reflexo direto das notícias de queda da safra norte-americana, a menor dos últimos sete anos. No início deste ano, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) previa uma safra norte-americana superior a 80 milhões de toneladas. Hoje, a agência prevê uma safra pouco superior a 67 milhões de toneladas. "Há expectativas de que haja nova revisão para baixo na produção dos EUA", diz Sayeg.

Nos últimos 12 meses, a soja acumula uma alta de 45% no mercado internacional. Ontem, os contratos para janeiro fecharam a 797 centavos de dólar por bushel (US$ 292,86 por tonelada), com pequena queda de 0,75 centavo na Chicago Board of Trade (CBoT). A baixa é explicada pela venda de posições para a realização de lucro e a tendência continua sendo de alta, segundo informações de traders.

Ontem, a China voltou ao mercado e adquiriu 112 mil toneladas de soja, além da Tailândia, que comprou 110 mil toneladas, segundo informações do USDA.

Com todas as notícias de ótima demanda pela soja, o mercado também espera que a safra da América do Sul (Brasil e Argentina) seja realmente maior, caso contrário poderia ocorrer uma forte corrida pelos contratos. De acordo com Sayeg, os fundos, que normalmente têm entre 3 milhões e 4 milhões de toneladas de soja em contratos comprados, dispõem hoje de algo próximo a 12 milhões ou 13 milhões de toneladas. "Caso ocorra um problema climático no Brasil ou Argentina há risco até de falta de abastecimento", diz.

Outro motivo da espera do produtor brasileiro em vender é que muitos venderam antecipadamente sua produção na última safra e não foram beneficiados pelas altas registradas posteriormente. Há casos de produtores de cidades de Goiás que chegaram a entrar na Justiça para pleitear não entregar a soja já vendida antecipadamente por R$ 22 a saca, enquanto o mercado já havia subido para R$ 30, informa Sayeg.

Registros de exportação

O volume de registros de soja norte-americano também aumentou, outro fator altista para o mercado. Ontem, o USDA informou que os registros de soja somaram 49,344 milhões de bushels (1,34 milhão de toneladas), superior à estimativa de mercado que previa algo entre 38 milhões (1,03 milhão de toneladas) e 45 milhões de bushels (1,22 milhão de toneladas).

No Brasil, os registros de exportação para a próxima safra atingem 3,93 milhões de toneladas de soja em grão, o que significa 15,8% da safra, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove). Os registros de farelo somam 1,188 milhão de toneladas (7,4%) e os de óleo, 154 mil toneladas (5,3%). No mesmo período de 2002, os registros de soja atingiam 25% da safra, os de farelo, 22,6% e os de óleo, 18,8%, o que comprova a desaceleração nas vendas antecipadas.

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